O Iron Maiden volta ao Brasil. Com shows no Rock in Rio, em São Paulo e em Porto Alegre, a banda inglesa completará 40 apresentações no país. Todas sem demonstrar nenhuma decadência nessa relação amorosa com os fãs brasileiros:
— Eu fico empolgado com esse carinho, mas não sei por que essa ligação é tão forte. Acho que no Brasil as pessoas gostam com paixão, sem medo de exagerar. É como no futebol, não? — questiona o guitarrista Adrian Smith, 62 anos.
O primeiro show do grupo no país foi justamente na edição inaugural do Rock in Rio, em 1985. Smith fica surpreso quando lembra que três atrações do festival pioneiro estão de volta este ano. Além do Iron Maiden, retornam Whitesnake e Scorpions.
— Uau, o Brasil adora mesmo o rock pesado — brinca. No caso do Iron Maiden, é o quarto Rock in Rio no currículo - participou também em 2001 e 2013.
The Book of Souls, 16º e mais recente álbum do grupo, foi lançado em 2016 e chegou ao topo das paradas em 24 países. Numa época de singles digitais, em que muitos falam que ninguém compra mais álbum físico, o Iron Maiden parece nadar contra a corrente e se dar bem:
— Temos muitos fãs, de todas as idades. Essa fidelidade deixa a banda como um ponto fora da curva — afirma Smith. O músico explica que ele e seus companheiros guiam a carreira só pelos álbuns e seus ciclos, excursionando depois dos lançamentos.
Smith diz que, após todos esse anos, os integrantes continuam grandes amigos:
— Sim, a gente se dá muito bem, andamos juntos por aí. Claro que não somos mais adolescentes, temos famílias que exigem mais tempo de cada um, mas o Iron Maiden ainda se diverte. A banda não se transformou numa empresa.
Com tantos discos e hits, escolher o repertório dos shows poderia ser difícil, mas o guitarrista diz que o segredo é não esquentar a cabeça.
— Sempre alguém irá falar que faltou esta ou aquela música. O importante é a gente dar tudo nas que escolhemos.
Ele explica que o grupo costuma reservar algumas semanas para compor novo material. Mas isso ainda não aconteceu para preparar o sucessor de The Book of Souls. Smith dá risada diante da pergunta sobre quanto tempo o Iron Maiden irá seguir na estrada:
— É difícil imaginar o grupo em 10 anos. Mas é como um bom carro. Enquanto rodar bem, vamos em frente.