O cantor Roberto Leal morreu aos 67 anos na madrugada deste domingo (15), no Hospital Samaritano, em São Paulo. Artista português, ele morava no Brasil desde a infância. Durante sua carreira, fez sucesso com músicas como Arrebita e Bate o Pé, que traziam sonoridade lusitana.
Internado desde a terça-feira (10), Leal tinha um melanoma maligno que evoluiu, atingindo o fígado, causando síndrome de insuficiência hepatorrenal, de acordo com a assessoria do artista. O cantor fazia tratamento de câncer havia três anos.
Em janeiro deste ano, em entrevista ao programa Domingo Show, ele contou que sempre escondeu o câncer para conseguir superá-lo, mas garantiu não temer a morte. "O amor vencerá toda a dor", declarou na ocasião.
O velório será aberto ao público e acontece na Casa de Portugal (Av. da Liberdade, 602), região central da cidade, na segunda-feira (16), das 7h às 14h. O enterro está marcado para as 15h, no Cemitério Congonhas (Rua Ministro Álvaro de Sousa Lima, 101), na zona sul de São Paulo.
Leal deixa a esposa, Márcia Lucia A. Fernandes, e os filhos, Rodrigo, Victor Diniz e Manuela Fernandes Leal.
Carreira
Nascido António Joaquim Fernandes, em 1951, o cantor era natural de Macedo de Cavaleiros, em Portugal, mas desembarcou no Brasil aos 11 anos, ao lado dos pais e irmãos. Desde então, sempre se dividiu entre as duas pátrias, chegando a brincar sobre a situação em entrevista à revista Época, em 2017:
— Aqui no Brasil me chamam de português e lá em Portugal me chamam de brasileiro.
Ele alçou ao status de estrela nacional nos anos 1970, após apresentar seu sucesso máximo, Arrebita, no programa do Chacrinha. Em 2012, o cantor contou algumas passagens dessa história no livro As minhas montanhas – A grande viagem, publicado pela Academia do Livro e escrito pela esposa dele, Márcia Lucia A. Fernandes.
Na obra, revelou que Arrebita lhe mostrou que poderia fazer sucesso aceitando suas origens lusitanas, não tentando ser "mais brasileiro". Em 2018, chegou a dizer no Programa do Porchat que agradecia ao país por ter o aceitado como era:
— Agradeço muito ao Brasil porque nunca deixei de ser português no Brasil. Sou um português brasileiro.
Durante 45 anos de carreira, gravou mais de 400 faixas, lançadas em mais de 50 álbuns e coletâneas. Com hits como Bate o Pé e A Festa Ainda Pode ser Bonita, ultrapassou os 17 milhões de discos vendidos.
Torcedor fanático da Portuguesa, ao longo dos anos sempre se manteve fiel ao time. Em 2013, foi às ruas protestar contra o rebaixamento da equipe para a Série B, por causa de uma decisão do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Anos depois, em 2015, aceitou se tornar garoto-propaganda do clube, para auxiliar a Portuguesa a se reerguer de uma grande crise financeira.
No Twitter, retribuindo a dedicação de Leal, o perfil oficial do time se manifestou sobre a morte do artista. A publicação traz um trecho de uma música do cantor e uma foto de Leal com a camisa do clube esportivo.
Em 2018, Roberto Leal foi candidato a deputado estadual em São Paulo pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Com 8.273 votos, não conseguiu se eleger.
Repercussão
A morte do cantor foi um dos temas mais comentados no Twitter na manhã deste domingo (15). O governador de São Paulo, João Doria, declarou que "Roberto Leal vai deixar saudades. Era português de nascimento e brasileiro de alma. Amava suas terras e tinha muitos admiradores em ambas. Minha solidariedade à família e amigos. Descanse em paz, Roberto."
Já o apresentador de televisão Gugu Liberato publicou uma homenagem ao cantor em suas redes sociais. "Com tristeza registro o falecimento do meu querido amigo Roberto Leal. Meus sentimentos a toda família", escreveu.
De acordo com o jornal português Diário de Notícias, o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, havia enviado uma mensagem para Roberto Leal no ano passado, enquanto o cantor ainda fazia o tratamento de câncer.
"Queria neste momento saudar com um grande abraço de amizade, acompanhando um período um pouco mais difícil na vida. Sobretudo saudar o papel ao longo de tantos anos na projeção da língua portuguesa, na projeção daquilo que é a música portuguesa e na ligação às comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo, em particular à ligação às comunidades brasileiras", disse o mandatário na época.