O Agulha (Rua Conselheiro Camargo, 300) comemora neste mês dois anos de vida. O bar, inaugurado em 11 de agosto de 2017 no Quarto Distrito, é hoje o principal espaço em Porto Alegre para ouvir ou descobrir artistas que estão no começo da carreira ou ainda são pouco conhecidos no sul do país. Segundo Guilherme Netto, curador da casa, o local foi criado para receber artistas da música independente e autoral em um bar “sem muita firula e sem muito exibicionismo”:
— A gente queria dar espaço para esses artistas. O Agulha é um catalisador dos produtores, das pessoas que fazem cultura independente em Porto Alegre. É uma casa para arriscar, de projetos corajosos. A gente se mantém com a proposta de, cada vez mais, furar o maior número de bolhas possíveis.
Uma mostra do que se propõe o bar pode ser conferida de quinta (22) a sábado (24), com as atrações abaixo.
Pietá
Direto do Rio, o trio Pietá, formado pela potiguar Juliana Linhares (voz) e pelos cariocas Frederico Demarca (violões) e Rafael Lorga (bateria), faz seu primeiro show na Capital nesta quinta-feira (22), com participação de Thiago Ramil. Inspirada pela música popular brasileira em suas mais diversas facetas e com forte posicionamento político, a banda lança no Agulha o segundo álbum da carreira, Santo Sossego, que se distancia, com guitarras e sintetizadores, do clima intimista do primeiro disco, Leve o que Quiser.
— Santo Sossego é certamente uma resposta aos acontecimentos dos últimos anos. É sobre estarmos dentro do furacão tentando encontrar maneiras de ter paz e saúde. Os temas surgiram naturalmente já que não há como separar arte de política nesses tempos — diz Juliana, que completa: — É um disco em que a poesia ainda é um norte, como no primeiro, mas que convive mais com os distúrbios políticos enfrentados pelo nosso país.
O músico Rafael Lorga complementa:
— Santo Sossego nasce do conflito, da contradição. É uma expressão ao mesmo tempo utópica e lúcida. É como a cidade, como as grandes instituições religiosas, como as relações humanas. Sossego é raridade, e os santos são diversos.
- Quinta-feira (22), às 22h. Show de Abertura: Nina Nicolaiewsky e Gerson Astolfi.
- Ingressos: de R$ 40 a R$ 80, à venda no local ou em sympla.com.br. Classificação: 16 anos.
Maurício Pereira + Juliano Guerra
Maurício Pereira, que se apresentou no Porto Verão Alegre do ano passado com o duo Os Mulheres Negras, ao lado de André Abujamra, retorna para um show nesta sexta-feira (23). Ao lado de Tonho Penhasco (guitarra), o paulistano de 59 anos leva ao Agulha a sua poesia urbana com o espetáculo #OutonoMICRO, versão reduzida do show do disco Outono no Sudeste (2018), com melodias ancoradas em jazz, samba e soul. No repertório figuram as canções Tudo Tinha Ruído, Pra Onde que Eu Tava Indo e o hit indie Trovoa, entre outras.
— Esse show surgiu quando lancei meu disco Pra Onde que Eu Tava Indo, em 2014. Um show mais enxuto, pra poder cair na estrada. Mas a arte tem seus mistérios… Ao longo dos anos, o Tonho foi chegando em arranjos muito particulares na guitarra e eu fui achando um jeito mais poético de cantar. Gostei tanto que penso até em gravar esse trabalho.
Na mesma noite, Juliano Guerra apresenta seu álbum mais recente, Neura — o gaúcho natural de Canguçu ganhou neste ano o Prêmio Açorianos de melhor compositor de MPB. As apresentações celebram o aniversário de cinco anos do selo fonográfico Escápula Records, sediado na cidade de Pelotas e que lançou trabalhos de músicos como Ian Ramil, Thiago Ramil, Alpargatos, Kiai Grupo e Paola Kirst.
- Sexta-feira (23), às 22h.
- Ingressos: de R$ 25 a R$ 60, à venda no local ou em sympla.com.br. Classificação: 16 anos.
Lucas Santtana
Após oito anos, Lucas Santtana retorna a Porto Alegre para uma apresentação definida como um “convite para uma boa prosa”, em que deve revisitar músicas como Cira, Regina e Nana, Partículas de Amor e Para Onde Irá Essa Noite?, além de apresentar outras ainda inéditas, que estarão no oitavo disco de sua carreira, com lançamento previsto para outubro. O cantor se lembra com carinho daquele show na Capital, apesar de não ter mobilizado muito público:
— Foi um dos cinco top da minha vida. Só tinha umas 50 pessoas, e entramos no palco arrasados. Mas essas poucas pessoas faziam tanto barulho entre as músicas que a gente foi animando, animando. No meio do show, chamei todo mundo para o palco, e, a partir daí, foi uma balada nossa — afirma Lucas.
— Até hoje esse papo surge com a galera vez por outra. Foi um grande aprendizado de vida. Espero que este show no sábado seja igualmente especial.
Desta vez, o formato do show é mais intimista. Além do violão, o músico levará para o palco do Agulha guitarra e pedaleira, para momentos com as texturas de som que caracterizam o seu mais recente trabalho de estúdio, Modo Avião, de 2017.
— O legal desses shows solo é que você fica muito próximo das pessoas, e, sem o aparato de banda, a palavra, o que está sendo dito e transmitido, ganha muito mais força. Por isso a coisa da prosa e da poesia.
- Sábado (24), às 21h. Show de abertura: Lígia Lazevi.
- Ingressos: de R$ 30 a R$ 80, à venda no local ou em sympla.com.br. Classificação: 16 anos.