Porto Alegre poderá conhecer nesta noite uma das novas promessas da sua música popular: Pedro Borghetti, 23 anos, que lança nesta quarta-feira seu primeiro disco. Formado somente por composições autorais, com timbres que remetem ao indie rock, versos que se aliam à MPB e instrumentos de diferentes matrizes regionais, Linhas de Tempo tem lançamento marcado para as 20h30min, no Teatro Renascença (Av. Erico Verissimo, 307).
O sobrenome de Pedro é sinônimo de música regional no Rio Grande do Sul. O jovem sabe disso desde cedo, pois na infância já acompanhava o pai, o gaiteiro Renato Borghetti, em shows e viagens. Ele não nega as influências familiares, mas as trabalha com personalidade.
– Quando alguém diz que vai no show e começa a falar muito do meu pai, aviso que não tem gaita no disco. E que também não vai ter gaita no show – brinca Pedro.
E Linhas de Tempo não tem gaita mesmo. Definitivamente, não é um disco do que se convencionou chamar de música regional. Aliás, é um álbum difícil de ser categorizado. A faixa de abertura, Probleminha, trata justamente da arte de escrever canções com liberdade, longe de rótulos: “Eu tenho um probleminha/ Não vejo um ponto exato do final/ Feito de ideias que vão se criar/ Sem querer me desfazer do que ainda pode ser/ Mas com o passar do tempo arrancam o prazer/ O que será que vão dizer?”.
– É uma música para quebrar qualquer expectativa de rótulos, quanto a ser gaúcho ou não, ser atual ou não – afirma Pedro.
Com o disco em mãos, o músico pretende pegar a estrada. Além do show na Capital, já tem apresentações marcadas em São Lourenço, Rio Grande e Pelotas até o final de junho. Para julho, negocia datas em Santa Catarina e mais cidades gaúchas. É um trabalho para consolidar a carreira solo de um artista que há anos vem participando de grupos e projetos coletivos. Com voz, violão ou bombo leguero, costuma se somar a parcerias com o cantor Rafa Costa, a banda Irish Fellas, o quarteto Ortácio, Borghetti, Salazar & Poty e o produtor Guilherme Ceron. Além disso, até os 16 anos, teve longa experiência como bailarino na companhia de dança da mãe, Cadica Pereira Costa.
Guilherme Ceron também assina com o cantor Ian Ramil a produção de Derivacivilização, vencedor do Grammy Latino 2016 de melhor disco de rock em língua portuguesa. O álbum de Pedro é menos ruidoso do que o de Ian, embora distorções e efeitos eletrônicos estejam presentes, ajudando a dar densidade ao instrumental. A maior parte das faixas tem uma sonoridade despojada. Com atenção, é possível ouvir detalhes que costumam ser limados em outras produções, como o trastejar de uma corda ou uma frase trocada entre os músicos distante dos microfones.
No show de desta quarta-feira, Pedro reencontra Neuro Júnior (violão de sete cordas) e Lorenzo Flach (guitarra), os mesmos músicos que estiveram nas gravações, e promete que o clima de intimidade deve se repetir. Nada mais adequado para um disco que contém letras inspiradas em situações ou personagens da família, como a faixa-título, que Pedro dedica ao pai. Apesar de Renato sempre ter estimulado o filho a estudar, o jovem abandonou a faculdade de Design de Produto, que cursava na UFRGS, para se dedicar integralmente à musica:
– Mesmo que eu não tenha seguido o caminho que ele sempre me falava, meu pai sempre me serviu de estímulo – conta Pedro.
Pedro Borghetti
Nesta quarta-feira, às 20h30min.
Teatro Renascença (Avenida Erico Verissimo, 307).
Ingressos a R$ 30, à venda pelo site bit.do/linhasdetempo ou na bilheteria do local, na hora do show. O CD Linhas de Tempo também estará à venda na bilheteria, por R$ 25, ou pelo link do bit.do/linhasdetempo, por R$ 20 (valor promocional).