Há cerca de um ano, os produtores da empresa Big Fish Entertainment começaram a programar as comemorações dos 10 anos de morte de Michael Jackson. Tudo mudou ao ser lançado o documentário Leaving Neverland, da HBO, que expõe os casos de assédio sexual do cantor.
Em duas horas de transmissão, a produção dá espaço a James Safechuck, 40, e Wade Robson, 36, que afirmam terem sido abusados sexualmente por Michael Jackson quando eram crianças. Eles contam detalhes sobre a relação deles com o cantor. Fãs se revoltaram com a repercussão do documentário.
Segundo artigo publicado pela revista americana Variety, o rei do pop teve homenagens canceladas por causa da repercussão deste documentário.
A primeira expectativa era de que o livro Untouchable: The Strange Life and Tragic Death of Michael Jackson (2012) ("Intocável: A Estranha Vida e a Trágica Morte de Michael Jackson", em tradução livre), escrito por Randall Sullivan, fosse transformado em uma série.
— Trabalhamos com Randall bem de perto para identificar materiais, filmagens e histórias ainda desconhecidas. Há pessoas que nunca falaram antes, dispostas a dar entrevistas. Sentimos que temos uma história atrativa e que faria muito sentido ao mercado — conta Dan Cesareo, presidente da Big Fish.
Tudo estava correndo bem com as negociações até que surgiu o documentário da HBO, que foi exibido, em primeira mão no Festival de Sundance, em janeiro. Então, a série foi o primeiro projeto a cair.
Já os produtores Scooter Braun e Deen of Thives planejavam recriar a turnê This Is It, que Jackson não conseguiu levar para a estrada. Músicos e dançarinos que participaram da criação do espetáculo fariam parte de um especial de TV, e as músicas seriam interpretadas por convidados. Tudo também parecia certo até que os parceiros do projeto entraram em um longo período de silêncio.
As televisões já estão tirando o foco de Jackson para lembrar outras efemérides como os 50 anos do dia em que Neil Armstrong e Buzz Aldrin pisaram na Lua. No mesmo dia em que o músico morreu, também foi anunciada a morte da atriz Farrah Fawcett, que agora, deve ganhar mais destaque nas homenagens.
— Nesse momento, as pessoas estão querendo manter a distância disso. Pessoas estão tendo dificuldade em separar o ser humano do artista. Com isso, muita gente não quer ter seu nome associado a essa marca por um tempo — afirmou um executivo de TV à revista Variety.
Alguns outros programas de TV encorajam que fãs façam suas homenagens ou deve estimular trabalhos filantrópicos no dia da morte do rei do pop. Pode ser ainda que os produtores aguardem outros momentos mais otimistas para celebrar, como a data de aniversário de Jackson, em agosto, ou o musical Don't Stop 'Til You Get Enough, previsto para estrear na Broadway no segundo semestre de 2020.
Produtores concordam, no entanto, que é preciso falar sobre abuso sexual de menores e agir em sua prevenção.
— É algo horrível que acontece em todo o mundo, não só com pessoas famosas. Nós precisamos acordar para o fato de que é fácil sermos embalados por uma falsa sensação de segurança — afirma Reed.