Seja tocando baixo na inclassificável Graforreia Xilarmônica, empunhando a guitarra nos clássicos da Tenente Cascavel ou emulando um jovenguardiano gaudério em sua carreira solo, Frank Jorge sempre emprestou muito de seu caldo de influências aos projetos dos quais participou. Mas nenhum vai tão longe em ritmos, timbres e instrumentos quanto Esperanza, single eletrônico instrumental que o músico lançou nesta sexta-feira.
Fruto de empolgação quase maníaca que contaminou o roqueiro após o show de abertura para Paul McCartney, em 2017 (que já havia rendido Histórias Excêntricas ou Algum Tipo de Urgência, disco gravado oito dias depois do show e lançado em 2018), Esperanza é um salto experimental de Frank Jorge – algo que ele descreve como "brincadeira" ou "molecagem".
– É isso, vou fazer um disco instrumental usando um teclado Casio. É bom o cara, aos 52 anos, se enxergar com vontade, pilha, liberdade. É uma época muito tensa, corrida, bizarra, e isso está sendo uma forma de... – explica, deixando a frase sem final.
A tal pilha surgiu graças aos alunos da cadeira de Prática em Conjunto que Frank ministra no curso de Produção Fonográfica da Unisinos. Como muitas vezes, além de professor, o músico participa como membro das bandas formadas em sala de aula, acabou percebendo um interesse crescente em instrumentos eletrônicos, em detrimento da combinação guitarra, baixo e bateria. Foi o clique que precisava.
– O pessoal mais jovem está mais acostumado com os timbres eletrônicos, principalmente da bateria eletrônica. Então comecei a ouvir playlist de lo-fi, Duda Beat, New Order, David Bowie, A-Ha, música brega do Pará. Vi que podia ser musicalmente, e mesmo midiaticamente, interessante. Tenho cinco músicas já, que vão ser lançadas aos poucos.
Esperanza já está disponível nas plataformas de streaming, e é uma balada eletrônica que lembra as canções mais românticas de Frank Jorge – com direito a backing vocal radiofônico e melodia chiclete, que o músico compara com cantigas infantis.
Eis mais um ingrediente para o caldo de referências de Frank Jorge.