Em 1974, no auge do sucesso e das turbulências em sua vida desregrada, Tim Maia (1942-1998) decidiu dar uma grande guinda em sua vida e carreira. Interessou-se por uma espécie de seita religiosa, chamada Cultura Racional, e, por ela inspirada, deu uma segurada nos excessos químicos e etílicos e compôs um dos seus mais aclamados e polêmico trabalhos, registrado em discos que, por muitos anos, foram objeto de desejos dos fãs do cantor e compositor. Após grande espera, os álbuns foram disponibilizados na plataforma digital Spotify nesta sexta-feira (22).
Isso porque, apesar da excelência musical, com o melhor da black music americana que Tim Maia incorporou ao suingue brasileiro, o projeto Racional, com suas letras em tom de pregação esotérica, viajando do espiritismo à ficção científica, foi rejeitado por sua gravadora à época. O próprio artista bancou as gravações com seu selo, Seroma, em 1975, lançando dois álbuns, Tim Maia Racional Racional volumes 1 e 2. Logo em seguida, porém, Tim Maia rompeu com a seita, renegou os discos e os tirou de circulação. Os álbuns tornaram-se raridades encontradas a preços estratosféricos nos sebos. Voltaram a circular em CD em 2006. Em 2011 foi lançado o EP Tim Maia Racional — Volume 3, com cinco faixas registradas nas mesmas sessões.
O projeto Racional é marcado por faixas que se tornaram simbólicas da efervescência musical e criativa de Tim Maia, com Imunização Racional (Que Beleza), Bom Senso, Rational Culture, Paz Interior e o Caminho do Bem.
Em outubro do ano passado, a discografia oficial de Tim Maia já havia sido disponibilizada no Spotify, em projeto capitaneado por Carmelo Maia, filho do cantor. A Trilogia Racional é mais um presente para os fãs.