– Paz sem voz não é paz. É medo.
A frase se repete nas redes sociais neste final de semana, como uma singela homenagem a Marcelo Yuka, fundador da banda O Rappa e ativista social que morreu na noite de sexta-feira (18), no Rio de Janeiro, aos 53 anos.
Além da família, fãs, amigos e colegas compareceram ao velório, na Sala Cecília Meireles, na Lapa. Durante a cerimônia, foram entoados sucessos do compositor como Pescador de Ilusões, O que Sobrou do Céu e Minha Alma.
Ao portal G1, o pai de Yuka, Djalma Santos, declarou:
— É uma perda imensa para todos nós. Para todos que se preocupam mais em fazer arte que dinheiro. Para todos que se importam com os menos favorecidos, como ele sempre foi.
Como homenagem, o artista Marcondes Rocco, 42 anos, pintou um quadro de Yuka durante o velório e entregou a obra para a família do músico.
De artistas a políticos, as mensagens de agradecimento ao músico também se estenderam além da cerimônia. Nas redes sociais, muitos relembraram a obra e engajamento político do artista na luta pelo desarmamento e contra a violência, que se tornaram ainda mais simbólicas após Yuka ser vítima desta realidade. Em novembro de 2000, ao tentar impedir um assalto, ele foi baleado nove vezes e ficou paraplégico.
O professor e deputado federal Marcelo Freixo, com quem Marcelo Yuka concorreu à prefeitura do Rio de Janeiro em 2012, ressaltou a falta que sentirá do artista e o legado que ele deixa para trás: "Você ressignificou pra mim o sentido da palavra esperança", escreveu.
Deputado do Psol, Chico Alencar também ressaltou que a obra de Yuka se manterá viva: "Toda luz que dele recebemos, em sua curta existência, permanecerá".
O músico Marcelo D2, amigo pessoal de Yuka, chamou o baterista de "irmão". O rapper participou do velório e se emocionou muito durante a cerimônia. Em entrevista o portal G1, ele declarou:
— Em um momento tão escuro quanto este que vivemos, com tanta violência, o Yuka nos ensinou a espalhar amor.
Ainda no universo da música, o rapper Emicida e Fernando Badaui, do CPM 22, também deixaram mensagens para o colega. "Sua obra será eterna", declarou Fernando.
Samuel Rosa, do Skank, e Marisa Monte destacaram o papel de Yuka como ativista e a importância de sua luta contra a violência. "Um multiartista e ativista que tinha o dom de enxergar tudo maior, de pensar no próximo, de se engajar em causas sociais", escreveu Marisa.
Já o apresentador do Altas Horas, Serginho Groisman, relembrou da passagem de Yuka por seu programa e disse: "Tua atitude com as tragédias e tuas músicas deixam esperança para quem tem consciência frente à vida".
O chargista Carlos Latuff fez uma arte relembrando Yuka, com o icônico trecho de Minha Alma, do grupo O Rappa, "Paz sem voz não é paz, é medo".