Defensor de Donald Trump - até pouco tempo atrás - e protagonista de brigas com cantoras do pop, Kanye West se tornou um dos nomes mais comentados das redes sociais nos últimos anos. Nesta quarta-feira (31), o rapper norte-americano declarou que irá se afastar do mundo da política por se sentir "usado para disseminar uma mensagem em que não acredita". Com isso, ele reaqueceu o debate: afinal, o que o faz um verdadeiro rei das polêmicas?
O primeiro elemento, sem dúvidas, é o seu casamento com a modelo e socialite Kim Kardashian, que o insere no meio do mundo pop com força. Juntos desde 2014, os dois protagonizaram vazamento de sextape e brigas com as cantoras Taylor Swift e Beyoncé, o que eleva a exposição na mídia.
No entanto, não há como negar a fragilidade de Kanye West no meio das situações complicadas. Ele chegou a desativar suas contas no Twitter, Facebook e Instagram em dois momentos nos últimos anos para esfriar os debates nas redes sociais. Em 2017, a imprensa especulou sobre uma crise psicótica do artista, que voltou a ser vista como o motivo do sumiço no mundo virtual que ele teve por uma semana, no início de outubro deste ano.
Estes distúrbios ganharam destaque durante o lançamento do disco mais recente do artista, Ye, em junho deste ano. Ao referenciar escândalos da família Kardashian, o movimento #MeToo e os transtornos bipolares no disco, ele apontou a doença como algo positivo.
— Acho que todo mundo tem alguma coisa. Mas, como eu disse no álbum, não é uma deficiência, é um superpoder — disse ele, na época.
Um mês, no entanto, as redes sociais ficaram em polvorosa por conta de outro comentário inexplicável dado pelo rapper. Em conversa com o TMZ, ele diz que a escravidão durou 400 anos por ser "uma opção" dos escravizados:
— A gente ouve dizer que a escravidão durou 400 anos. Quatrocentos anos? Parece uma opção. Estamos em uma prisão mental. Gosto da palavra 'prisão', porque 'escravos' está ligada demais aos negros — explicou.
O pupilo de Trump
No meio das discussões sobre escravidão, no início de outubro, ele alegou em seu Instagram - em imagem que usava um boné com os dizeres "Make America Great Again" ("Faça a América Boa De Novo", slogan de Trump) - que a emenda de abolição da escravidão nos Estados Unidos deveria ser revista.
"Isso representa o bem e a América se tornando plena novamente. Não vamos mais terceirizar para outros países. Nós construímos fábricas aqui na América e criamos empregos. Vamos dar empregos para todos que forem livres de prisões enquanto abolimos a 13ª emenda. Mensagem enviada com amor", escreveu, em publicação que gerou indignação entre os internautas.
Em agosto, ele foi alvo de outra saia justa relacionada ao atual presidente norte-americano. No programa de Jimmy Kimmel, Kanye disse que as pessoas deveriam parar de atacar o líder e converter isto em amor, afirmando que precisamos "pensar nos demais como pensamos em nossa família, e tratá-los como tratamos nossos filhos".
O apresentador não ficou satisfeito e retrucou:
— Acho esse um pensamento bonito, mas na realidade há muitas famílias sendo separadas nas fronteiras desse país, como resultado do que o presidente está fazendo, e não importa se gostamos ou não da sua personalidade, o que importa são suas ações. Você mesmo disse: 'Bush não se importa com os negros'. E acha que Donald Trump se importa? Você vê ele se preocupando com alguém? — respondeu, ganhando um silêncio de réplica do artista.
Brigas na música e na vida
Na década passada, Kanye West colecionou uma série de invasões no palco de premiações da MTV. A mais emblemática delas, em 2009, gerou um ódio declarado de cinco anos entre ele e a cantora pop Taylor Swift. Na época, o rapper subiu ao palco quando Taylor venceu a estatueta de Clipe do Ano, dizendo que Beyoncé era a merecedora do troféu.
Após se desculparem em 2015, aparecendo juntos no tapete vermelho de uma premiação, Kanye brincou com o perigo e lançou o clipe Famous, em que aparece nu ao lado de diversas celebridades em uma grande cama – e, uma delas, era Taylor Swift. Na letra da canção, o rapper afirma que “sinto que eu e Taylor ainda vamos transar. Por quê? Eu fiz aquela vadia famosa”.
Fora do mundo musical, são inúmeros os casos em que Kanye West garantiu os holotes da mídia de todo o mundo. Em setembro deste ano, o rapper saiu em defesa de A$AP Bari após este receber alegações de agressão sexual - para isto, ameaçou publicar um vídeo da mulher do colega na web caso a denúncia fosse realizada. “Ele [A$AP Bari] me tirou da minha bolha de negro rico pretensioso. Bari acreditou em mim quando ninguém mais acreditava e quando ele entrou em apuros eu estava com medo de dizer que ele era meu amigo, assim como eu fiz com XXX e que foi uma m**** de minha parte. Eu deixo a percepção e os robôs me controlarem. Esse é o verdadeiro fundo do poço. Bari, eu aprecio sua perspectiva e visão. Você me aproximou de Rocky também. Os Jedis nunca deixam a percepção e a cultura cega ficarem entre eles”, escreveu o pai dos filhos de Kim Kardashian.
Outro caso judicial também garantiu um bom debate em maio deste ano. O artista foi acusado de plágio por um ex-designer da Nike, por supostamente ter copiada uma série de esboços de roupas e calçados para a sua marca. Comparando as duas ilustrações praticamente idênticas online, o designer publicou: "Quando Kanye rasga seu esboço da Nike de 10 anos e o reclama". Ele também alega que o marido de Kim Kardashian editou o post removendo a data e o título do esboço original.
Anteriormente, a briga física também foi uma estratégia de Kanye. Ao lado do seu empresário, em 2008, ele acabou preso no aeroporto de Los Angeles por conta de uma briga com um paparazzi. Na ocasião, a dupla teria quebrado as câmeras dos fotógrafos. Uma fiança de U$$20 mil foi paga para que West fosse liberado.
Em meio às discussões, sumiços das redes sociais e politicagens, o império de Kanye West continua rendendo letras polêmicas no universo musical e mais seguidores nas redes sociais. É como diria o velho ditado: falem bem ou mal, mas falem de mim. O rapper parece ter aprendido bem esta lição.