Música dançante brasileira. Assim o Bixiga 70 define o seu som, tarefa difícil já que o último álbum do grupo paulistano viaja por territórios musicais do Caribe, da África, dos Estados Unidos, da Índia e vai além. Dessa mistura, nascem músicas pouco comerciais, mas contagiantes. Os shows comandados pelos nove (às vezes, são 10) animadíssimos integrantes da big band se transformam em festas.
Neste sábado, esse show-festa chega ao Opinião. Ao longo de 1h30min, a banda promete tocar todo o quarto álbum, Quebra-Cabeça, lançado em julho, somado a composições dos discos anteriores e deixando espaço para improvisos. Para o baixista Marcelo Dworecki, o show é comparável a uma experiência ritualística:
– É essa a experiência que a gente tem tocando e que acabamos transmitindo durante os shows. Para a gente, é muito importante o fluxo que rola entre o público e a banda. Fazemos música para atingir essa comunhão.
O tom religioso da frase não é acidente. A música do Bixiga 70 bebe muito do candomblé, praticado por alguns integrantes e objeto de pesquisa de todos. Um dos segredos do ritmo da banda é a formação com um baterista e dois percussionistas, que investem em ritmos afrobrasileiros. Um deles, Rômulo Nardes, fabrica quase todos os instrumentos que toca.
– Sempre que começamos a fazer um disco, o Rômulo diz que precisa fazer os tambores de tal jeito para poder tocar o som que está imaginando – conta Dworecki.
Todos os integrantes do Bixiga 70 já eram músicos experientes quando formaram o grupo, em 2010. O primeiro álbum veio logo depois e entrou para as listas de melhores discos de 2011. Por causa da formação, que inclui sopros, percussão e guitarra, foram comparados a bandas que promoviam um revival do afrobeat – nomes como Antibalas, The Budos Band e a brasileira Abayomy Afrobeat Orquestra. Hoje, o grupo prefere se colocar entre os descendentes de big bands instrumentais nacionais como Orquestra Tabajara e Banda Mantiqueira. E, a cada disco, o coletivo avança em uma nova direção: no último, incorporou recursos eletrônicos.
O som do Bixiga 70 é globalizado, mas a banda tem endereço certo, que carrega no nome: o estúdio Traquitana, no número 70 da Rua 13 de Maio, no Bixiga, bairro boêmio e multicultural no centro de São Paulo.
– Temos uma reverência gigantesca pelo bairro e pelo estúdio, que é do Cris Scabello e do Décio 7 (guitarrista e baterista da banda, respectivamente). É lá que surgimos e há 8 anos ensaiamos, toda semana. Sem o estúdio, não seria viável, financeiramente, manter a banda – reforça o baixista.
Embora turnês sejam um desafio e tanto para uma big band, o Bixiga 70 tem feito pelo menos uma turnê por ano no Exterior. Já tocou no famoso festival Glastonbury, no Reino Unido, e conquistou críticos do The Guardian e da NPR. Viajar pela América Latina e cidades mais distantes do Brasil, por outro lado, é mais difícil já que a compensação financeira é menor. Melhor aproveitar a chance de ver uma das melhores bandas do país.
BIXIGA 70
- Sábado, às 21h
- Opinião (Rua José do Patrocínio, 834).
- Ingressos: R$ 45 (promocional, com a doação de 1kg de alimento não perecível na entrada do evento) e R$ 80 (inteira, em 1º lote). Ponto de venda sem taxa: Multisom Bourbon Wallig (apenas em dinheiro). Pontos de venda com taxas: site blueticket.com.br, lojas Multisom em Porto Alegre e na Região Metropolitana.