Símbolo da música regional gaúcha, o acordeom é geralmente associado aos ritmos dançantes de bailes e galpões. São poucos os músicos formados no Rio Grande do Sul que exploram o instrumento além dos limites de vaneiras, chamamés e outros gêneros locais. Fernando Ávila é um deles. Neste domingo, o jovem acordeonista lança seu primeiro álbum, A Lua de Santiago, com show no Centro Cultural 25 de Julho, às 19h – os ingressos custam R$ 30.
O disco foi gravado por meio de uma campanha de financiamento coletivo. Nas faixas, a gaita de Ávila é acompanhada de um quinteto de cordas.
– Considero que o acordeom cria diferentes sotaques em cada tradição na qual se insere. Trafego pela música regional, mas também por outros sotaques. O disco tem milonga, mas também baião, bossa nova e outros gêneros – explica Ávila.
Com 24 anos, Ávila tem conquistado ouvintes e construído uma reputação de respeito na comunidade musical não apenas pelo virtuosismo, mas também por promover integração entre os companheiros de instrumento, sejam eles do regionalismo, do jazz ou da música de concerto. Nos últimos dois anos, promoveu o Encontro Nacional de Acordeon Presto-Sesc, em São Leopoldo, com participantes de diferentes partes do país em apresentações, aulas e workshops.
Graduado em Música Popular pela UFRGS, o instrumentista tem atuado como professor e é um dos integrantes do grupo Arte Gaúcha, também de São Leopoldo, onde reside.
– Há ainda muito a fazer pelo acordeom. É um instrumento que está praticamente fora da academia por aqui. No mundo inteiro, é tocado em conservatórios, mas aqui é marginalizado. Não temos um curso de bacharelado em acordeom, como há para violão e violino, por exemplo – afirma Ávila.
Influências de diferentes pagos
Entre as influências de Ávila, estão o paulista Toninho Ferragutti, que o inspirou a compor para gaita em quinteto de cordas, e o americano Frank Maroco (1931–2012), do qual gravou uma composição em A Lua de Santiago.
Para apresentar o álbum ao público no domingo, Ávila contará com um quinteto de cordas formado por músicos que estiveram nas gravações, além de participações do violonista Mariano Telles, das 30 vozes do Madrigal Presto e dos instrumentistas do Quarteto Presto.
Os arranjos das faixas são do músico e professor da UFRGS Felipe Adami. A capa e o encarte do CD contam com aquarelas da artista Maria Tomaselli criadas especialmente para a obra.
– Tive a ideia de escrever a música que intitula o disco quando o filho de um amigo, com apenas três anos, chamou minha atenção para olhar a lua cheia no céu. Era uma criança que quebrou naquele momento meu olhar de adulto. É esse olhar infantil despertado em mim que está por trás da ideia do disco – conta Ávila.
Fernando Ávila – A Lua de Santiago
Domingo, às 19h.
Centro Cultural 25 de Julho (Germano Petersen Junior, 250), em Porto Alegre.
Ingressos a R$ 30. À venda no local.
O espetáculo: acordeonista Fernando Ávila lança novo álbum acompanhado de quinteto de cordas com Ariel Polycarpo (violino), Luiz Paulo Freire (violino), Gabriel Popycarpo (viola), Bianca do Prado (violoncelo) e Fábio Alves (contrabaixo). Participações de Madrigal Presto, Quarteto Presto e Mariano Telles.