A noite de sábado (23) foi um encontro de gigantes no Rock in Rio. Guns N' Roses e The Who agitaram a Cidade do Rock, na zona oeste do Rio de Janeiro, em um dos dias mais aguardados do festival. Além deles, Incubus e Titãs também se apresentaram no Palco Mundo.
O Incubus, segunda banda a se apresentar no Palco Mundo na noite deste sábado, fez um show bom e correto. A catarse esperada, no entanto, não veio. Tudo porque as atrações seguintes seriam ninguém menos do que o The Who e o Guns N' Roses. Justificável. O público do Incubus não é o mesmo dos dois dinossauros citados acima.
A enxurrada de clássicos incluiu Anna Molly, Wish You Were Here, Love Hurts, Pardon Me e Drive. O Incubus, banda de bons serviços prestados ao rock dos anos 2000, merecia melhor sorte no Rock in Rio.
Talvez se o grupo tivesse sido escalado para o primeiro fim de semana do festival, com o Maroon 5, Brandon e sua trupe, que disputavam os holofotes com o The Who e o Guns, pudessem ter sido mais notados.
Primeira vez
Pela primeira vez na América Latina, em 53 anos de carreira, The Who fez um show vibrante e enérgico no Rock in Rio. O guitarrista e compositor Pete Townshend, 72 anos e o vocalista Roger Daltrey, 73 anos, se apresentaram ao lado do baterista Zak Starkley, filho do beatle Ringo Starr, e do baixista Jon Button.
Considerada uma das bandas mais importantes da história, o grupo apresentou uma lista de sucessos sem igual. Demorou para o Who vir ao Brasil, mais o show para mais de 100 mil pessoas foi inesquecível. Townshen ainda mandou um recado para quem iria acompanhar a formação clássica do Guns N' Roses na sequência do espetáculo: "Vocês terão uma bela noite hoje, eles são nossos colegas".
Em 1h40min de show, os fãs puderam cantar, gritar e dançar ao som de 19 músicas de álbuns como Tommy (1969), Who's Next (1971) e Quadrophenia (1973). A banda, uma das maiores da história do rock, fez show em São Paulo na última quinta-feira (21) e ainda vai tocar em Porto Alegre na terça-feira (26).
Redenção
Já para o Guns N' Roses, foi um show para se redimir, depois da criticada apresentação do grupo no festival em 2011. Mas na madrugada deste sábado, o cenário foi diferente. A banda provou ser mais do que aquele Guns de 2011.
O show teve o vigor daquele rock que ficou no passado, mas que ainda arrasta multidões. Eram, afinal, 100 mil vozes a cantar os hits. E entoavam como se fosse a primeira vez. Mas é de supor que, diante da devoção exibida na Cidade do Rock, muitos ali não eram iniciantes.
Sabiam inclusive dos momentos mais cadenciados da performance e às vezes menos excitantes. Até louvavam as canções de Chinese Democracy, o disco de 2008 e último da banda, mesmo que elas — Better, Chinese Democracy e This I Live — já tenham vindo do momento no qual Rose já estava sem seus braços direito (Slash) e esquerdo (Duff).
As covers também surtiram efeito. Da costumeira Knockin' on Heaven's Door, de Bob Dylan, à emocionante Black Hole Sun, do Soundgarden, banda de Chris Cornell, morto recentemente. Rolou até uma corajosa versão de The Seeker, do The Who. "Nós pedimos autorização", disse Rose antes de iniciá-la.
São os hits que fazem um show massivo. E eles vieram aos montes. Cantou-se até esgotar as cordas vocais com Mr. Brownstone, Welcome to the Jungle, Rocket Queen, You Could Be Mine, Civil War, Sweet Child O' Mine, Used to Love Her, November Rain, Nightrain, Patience e Don't Cry. A Cidade do Rock, que nunca esteve tão cheia, jamais cantou tão alto.
Foi mais do que uma redenção. Foi a apresentação que se esperava de uma banda capaz de encher esse espaço de fãs, com uma discografia diminuta e poderosa, com canções icônicas e integrantes tão fundamentais para a história do rock.
O tempo, não importa o tanto que ele corra, às vezes parece congelar. Para o Guns N' Roses em suas três horas e 23 minutos no palco, ele havia estacionado. Parou naquele momento no qual o Guns N' Roses era a maior banda do mundo. O relógio pode ter passado, pesado e cobrado seu preço. Mas a banda se redimiu com quem esteve no Rock in Rio em 2011.
E, o melhor, não teve chuva.
*Com informações da Agência Estado