O samba está em festa – e não só porque o gênero musical mais popular do Brasil fez cem anos. É que Beth Carvalho, a madrinha, está comemorando 70 anos de vida e segue celebrando os 50 anos de carreira, completados no ano passado. Amanhã, a cantora carioca vem festejar essas efemérides em Porto Alegre, apresentando-se no Auditório Araújo Vianna. Segundo a intérprete disse a Zero Hora, trata-se de uma volta ao começo:
– O primeiro festival do qual participei foi aí. Cantei as músicas Lá vem ela e Tá na hora no Festival da Arquitetura de 1968 e fiquei em terceiro lugar.
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Aliás, foi outro terceiro lugar em festival naquele mesmo ano que abriu alas para a trajetória da artista iniciante: Andança conquistou o público do Maracanãzinho no 3º Festival Internacional da Canção, no Rio de Janeiro, e acabou batizando o primeiro LP de Beth. Desde então, a sambista já lançou 34 discos e cinco DVDs, revelou nomes como o grupo Fundo de Quintal e os músicos Zeca Pagodinho, Almir Guineto, Sombrinha, Arlindo Cruz e Jorge Aragão, reverenciou os mestres gravando Folhas secas com Nelson Cavaquinho em 1973 e As rosas não falam com Cartola em 1976 e emplacou sucessos como Coisinha do pai, Vou festejar, O show tem que continuar, Lucidez, Camarão que dorme a onda leva, 1.800 colinas, Saco de feijão, Olho por olho, Firme e forte, entre outros.
O respeito pela velha guarda e, especialmente, a atenção aos novos talentos rendeu-lhe o epíteto de madrinha do samba – título do qual ela se orgulha e segue honrando.
– Fui a primeira a gravar o Xande de Pilares, com o Samba de arerê. Dos novos, tem o Leandro Fregonesi, por exemplo, de quem já gravei duas músicas. Ele é muito bom, concorreu neste ano com um samba-enredo na Portela, mas ainda precisa estourar. A Maria Bethânia gravou dele a música Povos do Brasil – explica a mangueirense.
O espetáculo que marca as cinco décadas de Beth sambando deveria ter chegado à Capital em setembro, mas teve que ser transferido para este sábado por motivos de saúde – a artista sofre de problemas graves na coluna, que obrigaram-na a fazer uma cirurgia em 2012 e a ficar internada no hospital durante quase um ano. Acompanhada de uma banda com 11 músicos, a cantora pretende mostrar um resumo de sua carreira, entremeando as canções com histórias sobre sua vivência entre os bambas. Beth está preparando um presente especial para os gaúchos:
– Quero cantar Felicidade ou Negrinho do Pastoreio. Estou na dúvida de qual vou apresentar. Quem sabe as duas, né?
Felicidade ou Negrinho do Pastoreio, por sinal, farão parte do novo projeto que Beth revelou em primeira mão para ZH: o disco Brasileiríssima, em que pretende gravar no começo do ano que vem 10 sambas inéditos e mais algumas músicas significativas de cada região do país.
– Para representar o sertanejo, por exemplo, quero gravar Beijinho doce com a Adelaide Chiozzo. Já o frevo ficaria a cargo da SpokFrevo Orquestra.
Dos honoráveis patriarcas do samba, Beth revela que falta ainda gravar Ary Barroso ("É difícil encontrar uma música dele, que já foi gravado tantas vezes"). Nada que deslustre o respeito conquistado em uma vida inteira dedicada à batucada.
– Tirei o lugar de Nossa Senhora Aparecida (risos). Até o frentista do posto me saúda assim: "Oi, madrinha".
BETH CARVALHO – 50 ANOS DE CARREIRA
Sábado, às 21h.
Classificação: livre.
Duração: aproximadamente 70 minutos.
Auditório Araújo Vianna (Osvaldo Aranha, 685, em Porto Alegre).
Ingressos: R$ 80 (plateia alta lateral), R$ 100 (plateia alta central), R$ 120 (plateia baixa lateral), R$ 140 (plateia baixa central) e R$ 160 (plateia gold). Com 50% de desconto para sócios do Clube do Assinante nos primeiros cem ingressos e 10% nos demais.
Pontos de venda sem taxa: bilheteria do Teatro do Bourbon Country (Túlio de Rose, 80), das 10h às 22h; e no local, amanhã, a partir das 14h.
Pontos de venda com taxa: site ingressorapido.com.br, call center 4003-1212 (das 9h às 22h), agência Brocker Turismo (Av. das Hortênsias, 1.845, em Gramado, das 9h às 18h30min), universidade Feevale (Rua Coberta, Câmpus II, em Novo Hamburgo, sexta, das 13h às 21h, e sábado, das 9h às 14h) e Bourbon Shopping Novo Hamburgo (Nações Unidas, 2.001, em Novo Hamburgo, das 13h às 21h).