Oboísta da Filarmônica de Berlim, uma das mais destacadas orquestras do mundo, o alemão Christoph Hartmann ajudou a ampliar o alcance da obra do compositor italiano Antonio Pasculli (1842 – 1924) junto aos ouvintes contemporâneos com o disco Fantasia italiana (2007), lançado pela EMI. Foi o resultado de uma pesquisa do próprio Hartmann, que vasculhou as partituras em uma biblioteca de Palermo, durante uma estadia da Filarmônica.
– Os oboístas já conheciam o nome de Pasculli antes, mas apenas nos últimos anos ficou popular tocar suas peças. Especialmente porque agora a maioria delas está disponível em edições modernas – afirma o músico.
Uma amostra desta redescoberta será apresentada no concerto da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) desta terça-feira (14/6) à noite, no Theatro São Pedro, na Capital. A primeira parte do programa terá duas obras de Pasculli, com Hartmann como solista: Concerto su "Poliuto" e Grand concerto sopra motivi di "I vespri siciliani", composições instrumentais baseadas, respectivamente, em óperas de Donizetti e Verdi.
– No século 19, o gênero da fantasia baseada em ópera era muito comum. Todo compositor e todo grande solista as escrevia. Pegavam alguns dos temas mais famosos das óperas e os retrabalhavam de forma virtuosa e lírica – observa Hartmann.
O concerto terá regência do húngaro Gergely Madaras, diretor musical da Orquestra Dijon Bourgogne, na França, e regente titular da Orquestra Sinfônica Savaria, na Hungria. A segunda parte do programa será dedicada à obra de seu conterrâneo Zoltán Kodály (1882 – 1967), um dos grandes nomes da música de concerto daquele país ao lado de Béla Bartók (o programa será encerrado com Batuque, de Alberto Nepomuceno). Madaras explica que predecessores como Liszt, Brahms e Dohnányi compuseram peças inspiradas no folclore húngaro baseando-se meramente em impressões ouvidas em áreas urbanas, tocadas principalmente por ciganos em restaurantes:
– Então, vieram Kodály e Bartók, que estavam genuinamente interessados nas fontes mais profundas do folclore da Hungria e do Leste Europeu. Tiveram tempo e coragem para viajar aos vilarejos mais remotos para descobrir as pessoas que ainda mantinham as tradições folclóricas originais no canto, na dança e na música instrumental.
É um momento oportuno para celebrar a música de Kodály, que terá seus 50 anos de morte lembrados em 2017. Na avaliação do maestro, ele "ainda está, de certa forma, à sombra de seu colega mais famoso, Bartók". Constam no programa as Danças de Galánta e o Concerto para orquestra.
– Danças de Galánta é um de seus trabalhos orquestrais mais populares, e é justo dizer que a maioria das orquestras o executam regularmente. Tem um solo de clarinete fantástico, assim como numerosas melodias apaixonadas com ritmos ardentes. É difícil ficar sentado na poltrona, as pessoas terão vontade de levantar e dançar – diz o maestro. – Já o Concerto para orquestra é um pouco desconhecido e raramente tocado mesmo na Hungria, mas é uma peça descolada, dinâmica e jovial, com passagens virtuosas para muitos solistas da orquestra.
OSPA – SÉRIE THEATRO SÃO PEDRO
Nesta terça-feira (14/6), às 20h30min.
Theatro São Pedro (Praça Mal. Deodoro, s/nº), fone (51) 3227-5100.
Ingressos: R$ 10 (galeria), R$ 20 (camarote lateral), R$ 30 (camarote central) e R$ 40 (plateia). Desconto de 50% para sócios do Clube do Assinante.
À venda na bilheteria do teatro, das 13h até a hora do concerto.