Leitor ávido desde sempre, Pedro Pacífico começou a dar dicas de leitura no Instagram logo no início da pandemia. Foi nessa época também que ele passou por um doloroso processo de autoaceitação como um homem gay. Hoje em dia, tem mais de 466 mil seguidores na rede social, onde atende por Bookster (@book.ster) e, desde o já longíquo 2020, conta como os livros o ajudaram nesse processo de assumir sua homossexualidade.
Os momentos sombrios ficaram para trás, mas estão registrados no livro Trinta Segundos sem Pensar no Medo (Intrínseca, R$ 39). Desde o lançamento, a obra figura entre as mais vendidas e tem alcançado uma legião de leitores, que compartilham com o autor como se identificaram com sua história.
Pedro estará autografando seu livro e batendo um papo com os leitores neste sábado, às 14h, no Auditório Barbosa Lessa, no Espaço Força e Luz (Rua dos Andradas, 1223).
Confira um bate-papo com o Bookster:
Quando lançou seu livro, esperava toda essa repercussão positiva?
Não sabia se a repercussão seria positiva, mas imaginava que a leitura poderia criar bastante identificação em quem estava lendo, sobretudo por quem em algum momento já sentiu a dificuldade em pertencer ao padrão que a sociedade exige de nós.
Desde o lançamento, recebo mensagens maravilhosas e emocionantes, que só confirmam para mim como a leitura é capaz de acolher e nos ensinar mais sobre nós mesmos a partir da história do outro. Muitas vezes as leituras podem ser difíceis, por tocarem em pontos sensíveis, mas encarar nossos medos e fantasmas pode ser importante nesse processo de autoconhecimento e auto aceitação.
Na obra, você fala sobre algumas obras que fizeram parte do seu processo de autoaceitação. Se tivesse que escolher um livro que foi fundamental nesse período, qual seria?
Sei que essa não é a resposta que vocês queriam, mas é impossível escolher um único título. Acredito que a leitura do livro mostre como a literatura vai aos poucos nos transformando e como vamos adquirindo uma bagagem ao longo de cada livro que nos impacta. São muitos, o meu livro é um agradecimento à Literatura e aos livros que já passaram pelas minhas mãos.
O que você diria para os jovens que, hoje em dia, passam pela angústia de não assumirem sua orientação sexual?
Cada história é única e, infelizmente, muitos jovens não tiveram ou não têm os mesmos privilégios que eu, de ter uma família que me acolheu e independência financeira para não precisar me submeter à uma rotina de discriminações. No entanto, acho que um primeiro passo é conseguir abraçar a diversidade e entender que ser diferente é maravilhoso - e não algo a ser reprimido, como uma parte da sociedade quer nos ensinar. Depois, buscar ao menos uma única pessoa com quem você possa se abrir, se sentir acolhido e poder compartilhar seus medos é um passo que pode te fortalecer muito nessa jornada.