Amigos e personalidades lamentaram a morte de Luiz de Miranda nesta sexta-feira (29). O poeta faleceu durante a noite, em Porto Alegre, onde estava internado desde 17 de julho na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Segundo familiares, ele foi vítima de um choque séptico e de insuficiência cardíaca congestiva.
Jorge Peixoto, vice-presidente da Casa do Poeta Riograndense, lembrou das mais de duas décadas ao lado do parceiro:
— Eu era amigo pessoal dele. Éramos colegas. É uma grande lástima para a cultura brasileira. Fica uma lacuna. Eu o conheci há mais de 20 anos. Ele era um homem acessível, mas que também tinha os seus mistérios, os seus enigmas. Nós ficávamos horas e horas conversando sobre literatura, sobre os livros que ele estava preparando, que ele iria lançar. Era uma grande figura. Era um poeta, com os seus conceitos filosóficos. Uma grande pessoa e eu, felizmente, o conheci pessoalmente.
Responsável por lançar vários trabalhos de Luiz de Miranda pela editora da PUCRS, além de promover eventos dedicados a ele, Ricardo Barberena, diretor do Instituto de Cultura da faculdade, falou sobre a importância do poeta ao levar a cultura do RS para o Brasil inteiro.
— O Miranda é uma perda irreparável. Um poeta que levou a poesia do Rio Grande do Sul para além dos nossos limites, das nossas fronteiras. E sempre teve uma posição de resistência e rebeldia frente às injustiças do mundo e da nossa própria sociedade contemporânea. Do ponto de vista estético, a poesia dele foi importante para a literatura brasileira e levou o Rio Grande do Sul para o nível nacional. Ele foi alguém que foi honesto a si mesmo, viveu a vida inteira para a poesia. Não se vendeu para outros tipos de afazeres, de ocupações. Ele fez da vida dele uma grande obra poética, com momentos de poeta maldito, de poeta que acabou se mostrando um rebelde frente esta nova forma capitalista de ver o mundo — afirmou.
Já o presidente da Academia Rio-Grandense de Letras (ARL), Rafael Bán Jacobsen, destacou a personalidade do escritor:
— Luiz de Miranda foi a personificação da poesia: decidiu fazer da própria vida uma grande metáfora e por isso, mesmo entre nós escritores, transitou como um provocativo enigma. Flertou com as instituições oficiais, com as academias, mas jamais caberia em nenhuma delas. Para além de suas idiossincrasias, reveses e controvérsias, permanecerão os versos e o exemplo da bendição que é ser um poeta maldito.
O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, afirmou por meio do Twitter que Miranda era " o grande nome da nossa cultura ".
Ao compartilhar a publicação de GZH em seu perfil na rede social, o jornalista Juremir Machado da Silva exaltou o poeta.
A Associação Gaúcha de Escritores (Ages) publicou no Facebook uma nota de pesar.