Cantor, compositor e ex-ministro da Cultura, Gilberto Gil foi eleito o mais novo imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL) na tarde desta quinta-feira (11). O baiano entra para o seleto grupo uma semana após admitir a atriz Fernanda Montenegro.
Gil foi eleito com 21 votos e ocupará a cadeira de número 20, que estava vaga desde a morte do jornalista Murilo Melo Filho, em maio de 2020. Concorriam com o músico o poeta Salgado Maranhão, que obteve sete votos, e o escritor Ricardo Daunt, que não teve votos.
Aos 79 anos, Gilberto Gil é o segundo negro a ser eleito para a ABL, depois de Domício Proença Filho — antes deles, Machado de Assis também integrou a Academia, mas como um dos fundadores. Ele não é o primeiro membro ligado à MPB, no entanto. A ABL conta também com Antonio Cicero e Geraldo Carneiro, ambos letristas.
Um dos pré-requisitos para disputar um assento na academia é ter ao menos um livro publicado. Gil lançou Todas as Letras em 1996, uma coletânea de suas composições, que incluem obras emblemáticas como Aquele Abraço, Expresso 2222 e Andar com Fé. É também coautor de alguns livros, como Gilberto Bem Perto, com Regina Zappa, Cultura pela Palavra, com Juca Ferreira, Disposições Amoráveis, com Ana de Oliveira, e O Poético e o Político e Outros Escritos, com Antonio Risério.
Nascido em Salvador, passou a infância em Ituaçu, no interior da Bahia, onde o pai dele exercia medicina. Em 1965, formou-se em administração na UFBA e chegou a participar de um programa de trainee na multinacional Gessy Lever, atualmente conhecida como Unilever.
Na época, porém, Gil já conhecia parceiros que levaria para o resto da vida, como Caetano Veloso, Vinicius de Morais, Chico Buarque, Gal Costa, Maria Bethânia, Nana Caymmi e Elis Regina. Ainda nos anos 1960, ele abandonaria a carreira de administrador de empresas e lançaria Procissão, seu primeiro single oficial.
A partir daí, sua trajetória artística apenas ascenderia: Gil foi um dos criadores do movimento tropicalista, tornou-se uma das vozes mais marcantes da música popular brasileira, virou símbolo de resistência contra a ditadura militar, exilou-se do Brasil, fez um retorno triunfal e ganhou prêmios como o Grammy e o Grammy Latino.
Fora dos palcos, Gil também se notabilizou na política. Foi vereador de Salvador entre 1989 e 1992 pelo então PMDB e ministro da Cultura do governo Lula entre 2003 e 2008 pelo PV, partido ao qual é filiado até hoje. Em 1999, foi nomeado pela Unesco como Artista pela Paz. No âmbito da ONU, foi embaixador para agricultura e alimentação. Além de ter sido um dos principais defensores da livre circulação de informação na internet.