Os Correios cancelaram a suspensão do serviço conhecido como "registro módico", que, na prática, encareceria o envio de livros e material didático no Brasil por tempo indeterminado.
O recuo ocorreu poucas horas após os Correios afirmarem que estava suspenso "em atendimento ao plano de ação implementado pelos Correios de combate à covid-19, que trata dos protocolos operacionais e profiláticos adotados pela empresa, baseados nas orientações do Ministério da Saúde."
À reportagem, livreiros haviam apontado que a medida traria prejuízo financeiro à categoria em um momento em que, devido à crise do novo coronavírus, a atividade econômica já está abalada.
O registro módico é a categoria de envio mais utilizada pelas livrarias, pois não cobra pela distância, mas pelo peso. Ou seja, um envio de livro para outro Estado custa o mesmo que para alguns quarteirões de distância. Trata-se de um serviço que só podia ser utilizado para envio de livros ou material didático.
Sem o serviço, as opções que restam são Sedex ou PAC, nas quais o valor cobrado é proporcional à distância dos endereços de envio e de recebimento, encarecendo a operação significativamente. No caso de um PAC, por exemplo, utilizado para livros com mais de 500g (que são maioria), o valor de frete chega a ser o dobro do que seria no caso de um registro módico.
O livreiro Ricardo Lombardi, do sebo Desculpe a Poeira, em Pinheiros, São Paulo, negociou um livro com o frete de R$ 12,29 por registro módico, com Pelotas, Rio Grande do Sul, como destino. Nesta segunda-feira (23), ao chegar aos Correios, foi informado da suspensão do serviço e da necessidade de utilizar PAC (o livro pesava mais de 500g). Ele teve que arcar, então, com um frete de R$ 24,80.
— É frustrante para o livreiro ver que num momento desses, em que precisamos valorizar as iniciativas on-line, os livros e a cultura sejam prejudicados dessa forma — diz