Considerado um dos principais ambientalistas do mundo, José Lutzenberger tem sua história relembrada em Lutz: A história da vida de José Lutzenberger, o grande ambientalista do Brasil, lançado nesta quinta-feira (14), dentro da programação da Feira do Livro de Porto Alegre. A obra foi escrita por 14 alunos de uma oficina de escrita criativa oferecida pela Associação do Pessoal da Caixa Econômica Federal do Rio Grande do Sul (APCEF/RS), sob orientação do escritor Alcy Cheuiche.
Em um bate-papo descontraído, no Auditório Barbosa Lessa (dentro do Centro Cultural CEEE Erico Verissimo), no centro da Capital, Cheuiche recebeu duas filhas de Lutz, Lara e Lilly; o presidente da APCEF/RS, Marcello Carrión; e o ex-governador Olívio Dutra, para falar sobre a importância do pesquisador e militante do meio ambiente. Para abrir a conversa, o orientador leu trechos da introdução da obra, que reafirmam a importância do texto.
— Este livro escrito por alunos em momento delicado do Brasil, em que arriscamos perder o que conquistamos em meio século. (...) Ambiente e justiça social são duas faces da mesma moeda — frisa Cheuiche.
O livro bilíngue, lançado em português e alemão, foi produzido a partir de pesquisas em livros, jornais, trabalhos acadêmicos, depoimentos, arquivos, bibliotecas e entrevistas presenciais com pessoas que passaram pela vida do biografado. Segundo a escritora Neusa Tolfo, uma das autoras da obra, Lutzenberger foi um símbolo de coragem e determinação ao enfrentar o poder econômico.
— Esse exercício de mergulhar mais na vida dele me mostrou que o Lutz é uma declaração de amor à natureza e, principalmente, um grito de alerta para que nos inspire a lutar — acredita Neusa.
Para o ex-governador e amigo Olívio Dutra, Lutzenberger era "um iluminista, de sabedoria variada e não pincelada, que transmitia com simplicidade os conhecimentos, e isso nos fazia militantes das ideias".
— Ele é uma luz que iluminava onde passava, e o que ele deixou de exemplo e estudo, está neste livro, que teceu bem sua vida singular — elogia Olívio, que apoiava as ideias de Lutz por mostrarem que o estudo andava ao lado de protestos e a luta em defesa do meio ambiente. — Lutz foi um profeta e um verdadeiro visionário — completa.
Sustentabilidade
Assim como Dutra e Neusa, o presidente da APCEF/RS, Marcello Carrión, acredita que o ecologista já apontava a necessidade de ações pensadas para o futuro da humanidade muito antes de a sociedade refletir sobre assunto, entre as décadas de 1960 e 1970. Segundo ele, além de soluções individuais, é preciso repensar o sistema que estimula o comércio de mercadorias e o consumo de carne:
— Um outro mundo tem que ser construído para superarmos o capitalismo.
A segunda filha do pesquisador, Lara, acredita que a obra sobre seu pai serve para mostrar que este é o momento do coletivo, que deve trabalhar por um futuro melhor:
— Como o livro mostrou e, sendo fundamentado em conhecimento verdadeiro e norteado por sabedoria intuitiva, é assim que o mundo pode dar certo. Esta obra é inspiradora e o conteúdo serve como alimento para os milhões de movimentos no mundo buscando mudar o curso das coisas.