Foram anunciados ontem os vencedores da 60ª edição do Prêmio Jabuti, a mais tradicional premiação literária do Brasil, em uma cerimônia com a apresentação do jornalista Serginho Groisman. A solenidade também foi marcada por uma homenagem pelo conjunto da carreira ao poeta Thiago de Mello, de 92 anos.
A gaúcha Carol Bensimon foi a premiada na categoria mais concorrida, a de Romance, com sua quarta narrativa longa, O Clube dos Jardineiros de Fumaça, que acompanha as andanças de um brasileiro em crise pessoal que se muda para a Califórnia para plantar maconha, legalizada no Estado americano.
O Jabuti deste ano notabilizou-se por premiar, nas principais categorias artísticas, jovens autores em vez de medalhões. Em Contos, venceu a paulista Maria Fernanda Elias Maglio, por Enfim, Imperatriz. O Livro do Ano foi À Cidade, do cearense Mailson Furtado Viana, que, com uma edição independente, também já havia vencido na categoria Poesia.
– Esse foi um livro que eu diagramei, editei, até o desenho da capa é meu – comentou o poeta ao receber o prêmio – e completou: – esse prêmio vem abriu um pouco a janela para enxergamos essa literatura que se faz sozinho, independente.
Este ano, a entidade promotora, a Câmara Brasileira do Livro (CBL), anunciou mudanças na premiação. As categorias foram divididas em quatro "eixos": Literatura, para aspectos artísticos; Ensaios, concentrada em obras de não ficção (esta e a anterior são as únicas que concorrem a Livro do Ano); Livro, para aspectos técnicos; e Inovação, para iniciativas especiais. Com isso, categorias foram criadas, como a de Impressão, entregue a editores e impressoras, enquanto outras foram fundidas (como Infantil e Juvenil, tornadas uma só) ou modificadas – a categoria Ilustração foi para o eixo técnico.
Na nova categoria dedicada a livros brasileiros publicados no Exterior, venceu a atriz e escritora Fernanda Torres, com a edição americana de seu romance de estreia, Fim.
Cada vencedor do Jabuti recebe, além do troféu, um prêmio de R$ 5 mil. Os vencedores de Livro do Ano recebem R$ 100 mil.
OS VENCEDORES:
EIXO LITERATURA
CONTO – Enfim, Imperatriz, de Maria Fernanda Elias Maglio.
CRÔNICA – O Poeta e Outras Crônicas de Literatura e Vida, de Rubem Braga, André Seffrin e Gustavo Henrique Tuna.
HISTÓRIAS EM QUADRINHOS – Angola Janga, de Marcelo D’Salete.
INFANTIL E JUVENIL – O Brasil dos Dinossauros, de Luiz Eduardo Anelli e Rodolfo Nogueira.
POESIA – À Cidade, de Mailson Furtado Viana
ROMANCE – O Clube dos Jardineiros de Fumaça, de Carol Bensimon.
TRADUÇÃO – Fábio Bonillo por O Macaco e a Essência, de Aldous Huxley, e Geraldo Holanda Cavalcanti, por Poemas, de Giuseppe Ungaretti.
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EIXO ENSAIOS
ARTES – Imaginai!, O teatro de Gabriel Villela, de Dib Carneiro Neto e Rodrigo Louçana Audi.
BIOGRAFIA – Roquette-Pinto: o Corpo a Corpo com o Brasil, de Claudio Bojunga.
CIÊNCIAS – As Maravilhosas Utilidades da Geometria, de Adalberto Ramon Valderrama Gerbasi.
ECONOMIA CRIATIVA – Design de Capas do Livro Didático: a Editora Ática nos Anos 1970 e 1980, de Didier Dias de Moraes
HUMANIDADES – Democracia Tropical, de Fernando Gabeira.
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EIXO LIVRO
CAPA – Carla Fernanda Fontana, por O Corego.
ILUSTRAÇÃO – Nelson Cruz, por Os Trabalhos da Mão, de Alfredo Bosi.
IMPRESSÃO – Ipsis Gráfica e Editora, por Bruno Dunley.
PROJETO GRÁFICO – Luciana Facchini, por Conflitos: Fotografia e Violência Política no Brasil (1889-1964), do Instituto Moreira Salles.
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EIXO INOVAÇÃO
FORMAÇÃO DE NOVOS LEITORES –
LIVRO BRASILEIRO NO EXTERIOR – Fim, de Fernanda Torres, na edição americana.