Reconhecido por sua extensa obra literária, o escritor João Gilberto Noll teve foi vítima de um mal súbito. Um dos principais autores da literatura contemporânea brasileira, Noll contabilizou em sua carreira, de mais de 30 anos, cinco prêmios Jabuti e 18 livros publicados – 13 romances, três livros de contos e duas experiências voltadas para o público infantojuvenil. Abaixo, conheça os 10 livros principais de Noll:
O Cego e a Dançarina (1980)
Logo em seu primeiro livro, reunião de contos publicada quando tinha 34 anos, Noll apresentou suas ferramentas: sensações de atordoamento, deslocamento e urgência predominam nas narrativas curtas – uma delas, Alguma Coisa Urgentemente, foi adaptado pelo cineasta Murilo Salles em Nunca Fomos Tão Felizes (1983). O volume deu ao autor o primeiro de seus cinco troféus Jabuti, além do prêmio de revelação do ano pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) e melhor livro de ficção do ano pelo Instituto Nacional do Livro.
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A Fúria do Corpo (1981)
O primeiro romance narra a história de dois amantes desocupados – ele, sem nome, passado ou profissão; ela, uma prostituta-mendiga. Com carga erótica, algo que se repetiria ao longo de quase toda a sua obra, a narrativa escancara as inquietações e angústias dos dois, naquele que é considerado o livro mais barroco de Noll – e um dos mais prestigiados pela crítica nacional.
Bandoleiros (1985)
Narrado em primeira pessoa, este romance narra o envolvimento – obsessivo e violento – entre um brasileiro e um norte-americano. Vivendo à época entre o Brasil e os EUA, Noll construiu neste livro um protagonista que é escritor e vive amargurado – com dificuldades financeiras e em seus relacionamentos.
Hotel Atlântico (1989)
Um de seus romances mais conhecidos (foi adaptado para o cinema pela diretora Suzana Amaral, em longa estrelado por Júlio Andrade em 2009), Hotel Atlântico segue outro protagonista em deslocamento. Desta vez, sua jornada de descobertas e encontros com personagens inusitados tem início em um hotel de Copacabana, onde ele depara com cadáver – a partir dali, a morte lhe atormentaria constantemente ao longo da trama.
O Quieto Animal da Esquina (1991)
Aqui, o narrador é um pobre e anônimo poeta, o "animal" descrito no título. "Peguei o guardanapo de papel com o poema que eu guardava no bolso desde o embarque no Galeão", descreve, em primeira pessoa, "ainda não me ocorrera um nome para ele, me perguntei se O Quieto Animal da Esquina não seria o título que aquele poema estava pedindo", seguiu, com seu texto fluido marcado por frases descritivas bastante longas.
Harmada (1993)
Outro romance adaptado para o cinema (pelo diretor Maurice Capovilla, em 2005), esta obra narra a história de outro personagem em crise por não conseguir viver de sua arte – desta vez, trata-se de um ator.
Canoas e Marolas (1999)
Em um contexto um tanto diferente (uma ilha) coexistem um menino e um homem, ambos a vagar pelas ruas. Trata-se de uma história sobre a preguiça – o pecado capital, no texto de Noll, é mostrado como uma grande metáfora do desalento e da apatia do homem contemporâneo.
Lorde (2004)
Neste romance, um escritor de 50 anos de idade e sete livros publicados só quer viver fora das páginas de suas obras e livrar-se de própria imagem de autor. Assim como em Berkeley em Bellagio (2002), Noll usou experiências suas dos períodos em que trabalhou como escritor residente no Exterior.
Acenos e Afagos (2008)
O prêmio Fato Literário, entregue pelo Grupo RBS em 2009, e o segundo lugar no Prêmio Portugal Telecom conquistado por este livro, no mesmo ano, inserem-se em uma série de láureas que Noll acumulou durante a década. História de um homem que abandona sua vida monótona em busca de emoção, Acenos e Afagos foi um dos mais premiados livro dessa fase.
Solidão Continental (2012)
Um homem viaja de Chicago, nos EUA, ao sul do Brasil. Essa jornada de título simbólico, na qual não se sabe ao certo o que ele busca – ou do que foge –, restou como o romance derradeiro de João Gilberto Noll.