Livros

Maluquinhos por Ziraldo

Ziraldo emociona velhos e novos leitores na Feira do Livro

Escritor teve uma recepção calorosa na Praça da Alfândega, neste sábado

William Mansque

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Rodrigo Prates, 39 anos, ostenta uma tatuagem do Menino Maluquinho no braço

– Ziraldo, gosto de ler! Eu vim aqui só pra te ver! – cantavam em coro os pequenos alunos do Colégio Luterano Concórdia, de Canoas, postados atrás de uma faixa com os dizeres "Ziraldo, somos maluquinhos por você!".

O sábado foi dia de Ziraldo reunir crianças e adultos na 62ª Feira do Livro de Porto Alegre. Autor de clássicos da literatura infantil brasileira como O menino maluquinho, Flicts e O joelho Juvenal, o escritor autografou na Praça da Alfândega seu novo livro, Meninas (Editora Melhoramentos), lançado neste ano.

O artista teve uma recepção calorosa dos estudantes do Concórdia. Na escola, eles integram o projeto Maluquinho pela leitura, que há 15 anos é realizado nas turmas de 2º ano do colégio pela professora Christiane Oliveira.

– O projeto visa incentivar a leitura, com obras de Ziraldo, Pedro Bandeira, Ruth Rocha, entre outros – conta Christiane, vestida como Professora Maluquinha. – Ganhei esse apelido do Ziraldo, pois quando levo minhas turmas para vê-lo, vou sempre fantasiada de Menina Maluquinha – explica.

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Os alunos também entraram no clima da fantasia, com panelas de isopor na cabeça. Gabriel Comerlato, 12 anos, era um deles. O estudante conta que se juntou aos estudantes e à professora naquela tarde para incentivar o projeto e, é claro, ver o Ziraldo.

– Estou no sétimo ano, mas tenho boas lembranças do segundo. Li bastante Ziraldo. Gosto muito da criatividade e do estilo que ele cria as histórias – diz Gabriel.

Também havia "cosplay" de fãs mais grandinhos, como era o caso de Nathaniel Carvalho, 31 anos, que vestia um colete cinza.

– Eu visto colete por causa do Ziraldo! Gosto dele desde criança, quando era muito levado, que nem o Menino Maluquinho. Sempre me identifiquei – relata.

Já Rodrigo Prates, 39 anos, foi além: ostenta uma tatuagem do Menino Maluquinho no braço.

– Eu toquei no programa ABZ do Ziraldo, em 2012, mas, como era gravado, não cheguei a conhecer o escritor. Então, fiquei de cara e reclamei com a produção: "Vim de Porto Alegre até aqui para nada!". Deixei um CD do Zuando o som, meu projeto de música infantil, para o Ziraldo. Ele ouviu e me mandou por e-mail um desenho do Menino Maluquinho tocando violão, escrito "Viva o Rodrigo". Resolvi tatuar, pois tem sentido com o que eu faço – conta o músico e compositor.

Ao longo da sessão de autógrafos, cujo público passou da casa da centena, quem se comovia mesmo ao conhecer o escritor de 84 anos eram os velhos leitores, aqueles mais grandinhos, que enchiam os olhos de lágrimas e se emocionavam. Afinal, como não voltar a ser criança com o Ziraldo?

Meninas

Há mais de 30 anos frequentando a Feira do Livro, Ziraldo acostumou-se a ser recebido calorosamente no evento, apesar de se sentir um "estranho no ninho".

– O Rio Grande do Sul deve ser o Estado do Brasil com mais escritor por quilômetro quadrado, é impressionante. Eles vivem de escrever no RS, poucos chegam lá em cima, mas aqui são respeitadíssimos. Toda a vez que chego aqui e tenho essa receptividade e carinho, eu me sinto um estranho no ninho. Tenho vontade de dizer a esses escritores: "Rapazes, vocês me desculpem, eu não tenho culpa nenhuma, entendeu? (risos) – diverte-se o escritor mineiro.

O livro que Ziraldo lançou na Feira do Livro é o seu segundo dedicado às garotas – o primeiro foi Menina das estrelas, de 2007. Na nova obra, o autor busca explicar quem é a menina, focando em sua fase dos 7 aos 11 anos. Escrito em forma de poema e amparado por ilustrações – coloridas pelo chargista e músico Renato Aroeira –, o livro acompanha a transformação da menina em menina-moça.

– Em metade dos meus livros, o protagonista é um menino. Eu não precisava de pesquisa, tinha um autoconhecimento muito grande. De vez em quando me perguntavam: "Você não vai escrever sobre menina?". Sempre tive vontade de fazer um livro em que a garota fosse a personagem principal, mas achava que não ia conseguir passar essa história. Como em O menino maluquinho, este livro não apresenta histórias, mas sim considerações em torno da menina – explica.

Em uma das ilustrações da obra há um desenho de uma menina que lembra a atriz Tatá Werneck. Ziraldo garante que foi acidental:

– Até queria mandar o livro para ela ver o que acha. Depois que Meninas saiu, alguém me perguntou se eu havia usado a Tatá na ilustração. Eu neguei, mas aí me mostraram ela e comentei: "Rapaz, mas parece mesmo" – conta o escritor.

Outros destaques do sábado:

Pratas da casa

O último evento do ciclo Encontros com os colunistas, promovido pelo Grupo RBS, teve como tema O jornalismo político em tempos de baixo astral. Os jornalistas Paulo Germano e Rosane de Oliveira, de Zero Hora, falaram da agressividade e da “patrulha” nas redes sociais e como eles lidam com isso.

Cinema na Feira

Também neste sábado foi lançado o livro Os 100 melhores filmes brasileiros (Letramento, 432 págs., R$ 79,90). A edição de luxo compila artigos de críticos do país sobre os melhores longas e curtas-metragens nacionais, eleitos pela Associação Brasileira dos Críticos de Cinema (Abraccine). Entre os autores estão os críticos de ZH Daniel Feix, Marcelo Perrone e Roger Lerina.

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