Quem passar pela Praça da Alfândega a partir do dia 28 de outubro ficará com a impressão de que a Feira do Livro de Porto Alegre encolheu. Não estará errado. A 62ª edição do evento, que se estenderá até 15 de novembro, será bastante enxuta, por conta da recessão econômica vivida no país. Para a Câmara Rio-grandense do Livro (CRL), não é motivo para desânimo. Depois de divulgar, na última sexta-feira, a lista dos "patronáveis" deste ano, Marco Cena Lopes, presidente da entidade, não demonstrou pessimismo:
– Esta será uma Feira do Livro de resistência, de manter a qualidade do evento, para poder voltar a crescer nos anos seguintes.
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André Neves, Caio Riter, Cíntia Moscovich, Claudia Tajes e Luís Dill são os cinco candidatos a patrono deste ano. O nome do escolhido deve ser divulgado até o dia 7 de outubro, depois de eleição em que votam empresas associadas à CRL, ex-presidentes da Câmara, ex-patronos e representantes da comunidade cultural.
Enquanto o colegiado decide seus votos, a organização da Feira do Livro corre em busca de patrocinadores para fechar um rombo de quase R$ 300 mil que faltam para completar os R$ 925 mil liberados para captação de recursos pela Lei de Incentivo à Cultura (LIC-RS), principal via para se obter verba para o evento. Mesmo que consiga captar esse montante, a conta ficará abaixo do valor de R$ 1,1 milhão recebido por meio da LIC-RS em 2015.
Com a escassez de recursos, a Feira do Livro tem lançado mão de parcerias com instituições privadas e de intercâmbio cultural para trazer escritores convidados. As atrações ainda não foram divulgadas, mas o evento, que já recebeu nomes como Mario Vargas Llosa, Gilbert Shelton (criador dos Freak Brothers) e o best-seller Paulo Coelho, não deverá ter nenhum grande destaque internacional.
– Não estamos prevendo nenhum nome desse porte – diz Marco Cena.
O número de bancas não deverá diminuir em 2016, mas a Praça da Alfândega estará mais vazia. Para diminuir custos de infraestrutura, a área internacional será realocada para o Memorial do RS, assim como muitas das atividades infantis. Além disso, por conta de uma obra, metade da alameda que ficava sobre a Rua dos Andradas não poderá ser ocupada.
Marco Cena, presidente da CRL nas duas feiras mais recentes, acredita que este não é um momento para lamentar o cenário econômico difícil, mas para encontrar novas soluções para realizações futuras.
– Temos que depender cada vez menos do poder público para viabilizar eventos como esse. Precisamos inventar alternativas, buscar apoio na iniciativa privada. É preciso que os empresários se conscientizam da importância da cultura e da educação. Pensando assim, vamos delinear nossas próximas edições.