Mesmo longe da televisão, Jô Soares, que morreu nesta sexta-feira (5), aos 84 anos, continuava trabalhando: preparava um romance policial sobre um assassinato misterioso que envolvia toda a população de um edifício. Ele também estava finalizando a montagem da peça de teatro À Meia Luz, que tinha previsão de estreia no dia 9 de setembro, no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo.
A peça conta a história de um homem que tenta fazer com que a mulher duvide da própria sanidade mental, a fim de mantê-la sob seu controle. Ele diminui as luzes da casa onde o casal vive e nega qualquer alteração no entorno. A manobra do marido faz com que a jovem esposa acredite que está senil, duvidando de tudo que está a sua volta.
O texto foi escrito pelo inglês Patrick Hamilton, com o título original de Gas Light, e ganhou uma versão para o cinema, chamada À Meia Luz (1940), sob a direção de Thorold Dickinson, e novamente em 1944, assinada por George Cukor e com Ingrid Bergman como protagonista.
Por conta da obra, foi criado o termo gaslighting, atualmente usado para denominar a ação de um agressor que faz com que sua vítima, geralmente uma mulher, passe a duvidar de si mesma, de suas condições mentais e de sua sanidade.