Símbolo de resistência à ditadura militar e uma das grandes figuras do teatro gaúcho, a atriz Marlise Saueressig morreu na segunda-feira (25), aos 75 anos. O falecimento foi confirmado pela prefeitura de Campo Bom, munícipio onde ela vivia com a família. As cerimônias fúnebres ocorreram entre a manhã e a tarde desta terça-feira (26), e o sepultamento foi no Cemitério Evangélico de Campo Bom. A causa não foi revelada.
Na década de 1970, Marlise integrou a equipe do Teatro de Arena de Porto Alegre, local que serviu de palco para a classe artística poder se expressar na Capital durante o regime militar. Ao lado do companheiro Jairo de Andrade, ela contribuiu para que o local permanecesse aberto e se apresentou em diversas montagens durante o período, incluindo À Flor da Pele (1973), A Dama de Copas e o Rei de Cuba (1974), Corpo a Corpo (1974), Trágico Encontro (1976) e Caminho de Volta (1977).
Além de fazer história sobre o palco, Marlise também deixou seu nome gravado no cinema brasileiro. Em 1979, recebeu o prêmio de Melhor Atriz do Festival de Cinema de Gramado. O kikito foi entregue a ela pelo papel de Jacobina Maurer no filme Os Muker, com direção de Jorge Bodanski e Wolf Gauer. Na trama, baseada em fatos reais, ela interpreta a líder religiosa que funda uma espécie de seita, entre as décadas de 1860 e 1870, na região onde hoje fica Sapiranga.
Outro papel de relevo nacional foi na minissérie O Tempo e o Vento, da Rede Globo, gravada na região do Vale do Sinos, em 1985. Na adaptação do texto de Erico Verissimo, Marlise interpretou Henriqueta Terra. Ela ainda integrou o elenco do curta Cone sul, dirigido por João Guilherme Reis e Ênio Staub.
Em nota publicada nas redes sociais, a prefeitura campo-bonense ressaltou a carreira da artista e lamentou a perda. "Neste momento de dor, a Administração Municipal manifesta aos familiares e amigos as mais sinceras condolências". Ainda em vida, ela foi homenageada pela cidade, que deu o nome da atriz para o auditório do teatro do Centro de Educação e Integração. Foi decretado luto de três dias em Campo Bom.
O Teatro de Arena, que atualmente é gerido pela Secretaria Estadual da Cultura do RS, também emitiu nota de pesar pela perda.
Marlise deixa os filhos Jairo, Camilo e Tarso, as noras Cátia e Bárbara e os netos Cícero, Victor, Brigitte, Caetano e Germano.