Em uma noite de São Pedro lotado, centenas de camisetas vermelhas deram ao teatro ares de estádio de futebol no último sábado (8). Foi dia de homenagear Fernandão, ídolo colorado e personagem principal da peça Um Certo Capitão Fernando. F9, como era carinhosamente chamado pelos torcedores, morreu em 2014, aos 36 anos, após queda de helicóptero no interior de Goiás.
Responsável pela contratação do jogador em 2004, Fernando Carvalho, então presidente do clube, foi um dos presentes na sessão em Porto Alegre. Para ele, as maiores marcas do ex-jogador foram atingidas fora de campo.
— Era um homem humilde, que tratava todo mundo bem. Mesmo que tenha nos deixado, será lembrado antes de tudo como uma grande pessoa e uma grande figura — afirma ele, que no espetáculo é representado por Frederico Vittola.
Ambientada entre 2004 e 2006, ano da conquista do título mundial sobre o Barcelona, a montagem dá conta justamente disso: o lado humano por trás do atleta vitorioso. Na pele de Rafael Albuquerque, Fernandão é apresentado como sujeito humilde, apegado à família e apaixonado pela esposa Fernanda (vivida por Lívia Perrone). Um líder inconformado e de voz forte dentro do vestiário, capaz de transformar a frustração pela perda do Campeonato Brasileiro de 2005 em combustível para os títulos da Libertadores e do Mundial de Clubes do ano seguinte.
Para outro ídolo, o meio-campista Alex, o momento era de gratidão por tudo que o "irmão mais velho" fez.
— Era o cara que conseguia mobilizar a gente, que servia de suporte para todo mundo. Era o grande para-raio do nosso grupo, a pessoa que nos passava confiança. Uma atleta de uma sabedoria muito grande, que sempre tinha um ensinamento para passar, como se fosse um irmão mais velho — recorda o ex-companheiro.
A noite também foi de muita emoção entre o público, que comemorou como se fosse ao vivo o vídeo que exibia o gol marcado por Adriano Gabiru sobre os espanhóis, e aplaudiu de pé a cena em que Rafael Albuquerque ergue a taça conquistada no Japão. Para alguns, como a enfermeira Renata Serena, foi impossível segurar o choro. Mais de 14 anos após marcar o milésimo gol na história do clássico Gre-Nal, o eterno capitão colorado segue estremecendo corações.
— É difícil falar do Fernandão sem me emocionar. Hoje vim com duas caixas de lenço — conta.