Em vez de cair na toca do coelho, Alice vai parar dentro de um computador. Reinventando a célebre história de Lewis Carroll, o dramaturgo Chiquinho Nery criou Alice no País da Internet, espetáculo que desembarca em Porto Alegre tendo como protagonista Heloisa Périssé. As sessões serão neste sábado e no domingo, às 15h, no Teatro do Bourbon Country, com ingressos entre R$ 50 e R$ 100 (há desconto de 50% para os cem primeiros sócios do Clube do Assinante e de 10% para os demais).
Na turnê, a atriz está contracenando pela primeira vez no teatro com as filhas Antonia (como a Coelha Falante) e Luísa. Nas apresentações na Capital, no entanto, Luísa não virá devido a compromissos escolares, e o papel da Rainha de Copas ficará com a atriz Flávia Rodrigues.
Além de personagens da trama original, o musical conta com novos participantes, como Vírus Virulino, Bob Mouse e o Caipira "Espótifi". A direção musical de Nico Rezende apresenta aos pequenos espectadores a música de grandes compositores, como Vivaldi, Beethoven, Chopin e Villa-Lobos.
Leia, a seguir, entrevista concedida por Heloisa Périssé por telefone a GaúchaZH:
Ambientar a história de Alice no universo do computador é uma forma de chamar a atenção dos pequenos espectadores?
O texto é do Chiquinho Nery (autor e diretor-geral), que me convidou para fazer a peça, e eu aceitei justamente por causa disso. Foi uma sacada muito legal da parte dele ter feito uma releitura da loucura de Alice dentro dessa loucura que é o mundo do computador hoje em dia.
Muitas crianças começam a mexer em computadores e tablets desde cedo. Você testemunhou isso com suas filhas?
A Antonia tem 11 anos, e a Luísa já é uma mulher, tem 18. Na época da Luísa, a internet era uma coisa bem mais tranquila. A Tonton já pegou bem essa onda. Mas sempre orientei bastante as minhas filhas, e elas fazem boas escolhas do conteúdo a que assistem. Enfim, usam a internet mesmo para se comunicar. Com essa globalização, a gente consegue saber no mesmo segundo o que acontece na China.
Minhas filhas sempre tiveram muito contato com o teatro.
Heloisa Périssé
Atriz
Você acredita que hoje está mais difícil atrair para o teatro uma geração de crianças cada vez mais fascinadas pelas telas dos dispositivos digitais?
Tudo na vida precisa de releituras. O teatro é uma arte eterna. A televisão não acabou com o teatro, nem o cinema. Porque esse contato com o público é uma coisa muito gostosa para quem assiste e para quem faz. É uma troca direta, muito mais intimista. Aquele teatro vivo, aquela coisa acontecendo na sua frente é uma grande opção para a criança que, nesse momento, vê muito do mundo apenas por uma tela. No teatro, ela vai ver uma "macrotela" à sua frente, viva, dançando, cantando, entretendo. E essa experiência é maravilhosa.
Você acha importante que o espetáculo infantil tenha um lado educativo ou acha que ele pode se sustentar apenas pela diversão?
Existem trabalhos em que a proposta é o entretenimento em si, inclusive para nós, adultos, o que acho necessário também. Como a criança é uma folha mais em branco do que nós, tudo que você puder deixar de boa impressão é sempre melhor. Não é fazer espetáculo didático. Mas, por exemplo, em Alice, a criança vai ouvir falar de Villa-Lobos. Tem músicas de Tchaikovsky que foram adaptadas. Tudo isso vai enriquecendo o universo dela, mas de forma bastante prazerosa, e não impositiva. A escola faz esse papel de ter que ensinar. No teatro, se você puder aprender sem ter que ensinar, é muito melhor. Alice tem esse lado lúdico em que a criança vai poder ter acesso a outras coisas também.
Que outros aspectos do espetáculo são interessantes desse ponto de vista educativo?
Aparecem as sete maravilhas do mundo. Os personagens viajam no 14-bis, o primeiro avião feito por Santos-Dumont, que também é citado. Tem várias pequenas coisas. Realmente, o intuito do espetáculo não é ser didático, é ser divertido. Mas o Chiquinho (Nery, autor do texto e diretor-geral) não deixou de pensar nisso.
Como está sendo apresentar o espetáculo com as suas filhas (Luísa não estará nas sessões em Porto Alegre devido a compromissos escolares)? Muda a relação da mãe com a artista?
Muda um pouco. Várias vezes fui falar com elas, e elas disseram: "Aqui você é a Alice (risos)". Elas são muito profissionais, desde cedo me acompanharam. Cresceram nas coxias dos meus espetáculos. A Luísa viajou muito comigo com o (espetáculo) Cócegas. A Tonton já pegou mais o final do Cócegas, mas viajou comigo com E Foram Quase Felizes Para Sempre. Elas sempre tiveram muito contato com o teatro, sabem como se comportar, como é uma coxia, como tratar o figurino.
Ou seja, elas se inspiraram no seu exemplo para se tornarem artistas também.
Acabaram sendo (risos). Foi um desejo delas, uma livre escolha.
Na novela Novo Mundo, você voltou a trabalhar com Ingrid Guimarães, uma antiga parceira. Como foi esse reencontro?
Eu estava em uma festa de aniversário, com a Thereza Falcão e o Ale Marson (autores da novela). A Thereza é minha amiga há anos. Falei: "Gente, escrevam um papel para mim, para eu poder contracenar com a Ingrid, olha que delícia". Eles realmente levaram a sério e escreveram. Foi maravilhoso participar da novela, que era lindíssima.
Haverá uma nova parceria com a Ingrid?
Estamos começando a escrever um novo programa. De repente vamos apresentar para a Globo. Vamos ver o que acontece.
E os projetos de sua carreira solo?
Por enquanto, estou em função da peça. Agora, entro em uma nova minissérie na Globo chamada Cine Holliúdy, que é baseada no filme (de mesmo título, lançado em 2013), uma comédia. Eu faço a mulher do prefeito, que é interpretado pelo Matheus Nachtergaele.
ALICE NO PAÍS DA INTERNET
Neste sábado (14/10) e domingo (15/10), às 15h. Duração: 60 minutos. Classificação: livre.
Teatro do Bourbon Country (Av. Túlio de Rose, 2º andar do shopping), fone (51) 3375-3700, em Porto Alegre.
Ingressos: R$ 50 (galerias, mezanino e plateia alta 2) e R$ 100 (camarote, plateia alta 1 e plateia baixa).
Desconto de 50% para os cem primeiros sócios do Clube do Assinante e de 10% para os demais).
Pontos de venda com taxa: site ingressorapido.com.br e call center 4003-1212. Ponto de venda sem taxa: bilheteria do teatro (até sábado, das 10h às 22h, e domingo, das 14h até a hora da sessão).