Depois do elogiado espetáculo BR-Trans (2013), o coletivo cearense As Travestidas retorna a Porto Alegre com a montagem Quem Tem Medo de Travesti, um passo adiante na pesquisa sobre o universo trans de uma perspectiva que contesta preconceitos e estereótipos. As sessões serão neste sábado (27) e domingo (28), às 19h, no Teatro do Sesc Centro (Alberto Bins, 665), no último fim de semana do 12º Festival Palco Giratório Sesc/POA. Diretor e autor da peça ao lado da gaúcha Jezebel De Carli, Silvero Pereira explica, a seguir, o processo de criação do trabalho.
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Como foi a transição de BR-Trans para Quem Tem Medo de Travesti?
O projeto BR-Trans visava, inicialmente, construir uma metodologia de encenação, estética, dramaturgia e atuação para o Coletivo As Travestidas. Assim, depois da experiência com BR-Trans, esses conceitos foram revisitados e aplicados em Quem Tem Medo de Travesti, porém não mais na figura do pesquisador, do artista (eu), mas ampliados ao elenco do Coletivo.
Como é o novo espetáculo?
Esse é o primeiro trabalho onde a técnica se evidencia, ou seja, antes tudo era muito intuitivo/empírico. Em Quem Tem Medo de Travesti, iniciamos a primeira metodologia em texto, direção e atuação.
Muito antes de você se tornar conhecido na televisão como o Nonato da novela A Força do Querer, os espetáculos do Coletivo As Travestidas são um sucesso de público. A que se deve isso, na sua opinião?
Acredito em dois aspectos. O primeiro, sem dúvida, tem a ver com nosso comprometimento artístico e social, ou seja, a capacidade de unir qualidade, discurso e entretenimento. Já o segundo, certamente, refere-se ao boca a boca. Não somos um grupo patrocinado ou de grandes outdoors, somos um grupo de redes sociais e da colaboração do público que nos segue. Tratamos o público como amigo e parceiro.
Seu trabalho no teatro rendeu um convite para um papel em telenovela. Pode ser um passo importante para a divulgação da causa trans?
Acho importante aliar uma coisa à outra. Entretanto, vale destacar que há 15 anos estamos construindo espaços e gerado reflexões na arte capazes de mudar uma cidade e um estado. Agora queremos avançar para o país, quem sabe o mundo? A visibilidade numa novela ajuda muito e vamos tentar usar essa visibilidade a nosso favor, em favor do teatro. Entretanto, o teatro sempre existirá em pequenos grupos e espaços também como a potência que lhe cabe alcançar, ou seja, TV e teatro como aliados, mas a certeza de espaços e potências diferentes.
Quais são os próximos passos do coletivo As Travestidas? Vocês têm um novo espetáculo ou turnês à vista?
BR-Trans segue em turnê por São Paulo e Rio de Janeiro, além de uma circulação pela Inglaterra e Estados Unidos em breve. Nosso último espetáculo, Trans-Ohno, também faz curta temporada em São Paulo. Há outros trabalhos como Quem Tem Medo de Travesti, Androginismo (que terá sessão única nesta sexta, 26, na Casa de Teatro de Porto Alegre) e Três Travestis, que seguem por festivais e temporadas previstas. Ou seja, estamos querendo invadir o Brasil, o mundo. Esperamos apoio e patrocínio para isso acontecer. Caso contrário, faremos do mesmo jeito, na garra e na alegria.
ANDROGINISMO
Com Silvero Pereira, Valéria Houston, Rafael Erê e Rodrigo Apolinário.
Nesta sexta-feira (26), às 21h30min. Duração: 60 minutos.
Casa de Teatro de Porto Alegre (Rua Garibaldi, 853), fone (51) 3029-9292.
Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 20 (classe artística, estudantes e idosos). À venda no local, uma hora antes do espetáculo.
QUEM TEM MEDO DE TRAVESTI
Sábado (27) e domingo (28), às 19h. Duração: 70 minutos. Recomendação: 16 anos.
Teatro do Sesc Centro (Alberto Bins, 665), fone (51) 3284-2000, em Porto Alegre.
Ingressos: R$ 10 (comerciários com cartão Sesc/Senac, estudantes, idosos e classe artística); R$ 15 (empresários e dependentes com cartão Sesc/Senac); R$ 20 (público geral). Pontos de venda: bilheteria do Sesc Centro (Alberto Bins, 665), nesta sexta, das 8h às 19h45min, e no sábado, das 8h às 13h. Se houver disponibilidade, na bilheteria do teatro, uma hora antes de cada sessão.