Drama psicológico, melodrama ou thriller. Não importa o rótulo de sua preferência: 55 anos depois da estreia, O que Terá Acontecido a Baby Jane? (1962) é um clássico do cinema, tanto pelas iluminadas atuações de Bette Davis e Joan Crawford nos papéis de irmãs que um dia foram estrelas de vaudeville e do cinema (respectivamente), quanto pelas fofocas de bastidores – tornou-se folclórica a rivalidade entre as duas atrizes. Por tudo isso, a adaptação cinematográfica do diretor Robert Aldrich para o romance de Henry Farrell segue rendendo. No mês que vem, o FX estreia a série Feud, cuja primeira temporada retrata a relação entre Bette Davis (vivida por Susan Sarandon) e Joan Crawford (Jessica Lange) no set do filme. No ano passado, Eva Wilma e Nicette Bruno estrelaram, em São Paulo, uma versão teatral. E nesta terça-feira (7/2) estreia, na programação do Porto Verão Alegre, uma adaptação teatral do diretor Zé Adão Barbosa, inspirada tanto no filme quanto no livro.
O projeto foi gestado nos últimos cinco anos com os atores João Carlos Castanha (no papel da transtornada Jane Hudson, que na infância brilhou no vaudeville), Lauro Ramalho (como Blanche Hudson, a irmã que foi estrela do cinema e ficou cadeirante em um misterioso acidente de carro) e Caio Prates (em dupla atuação como a empregada doméstica Elvira e como o professor de música Edwin Flagg). A equipe já havia apresentado uma releitura de uma cena do filme no espetáculo Escola de Sereias (1994), que contava com trechos de diferentes clássicos.
Barbosa explica que, desta vez, pediu aos atores atuações realistas. A ideia é adaptar a trama "a sério", em clima de suspense, especialmente pela atmosfera criada pela trilha sonora de Everton Rodrigues. Mas o diretor acredita que, mesmo assim, será inevitável se divertir com as atuações desses três atores especialistas em comédia. Para Barbosa, o próprio filme continha uma dose de humor, mesmo que involuntário.
– Não tenho a menor dúvida de que o público vai rir. Nós mesmos rimos nos ensaios. Não acho que o filme seja um drama. Torna-se um drama no final. Antes, tem cenas engraçadíssimas.
O diretor avalia que se trata de uma história, sobretudo, a respeito de estrelas decadentes, para as quais resta apenas a vaidade.
– Nossa profissão é um poço de vaidades – diz Barbosa. – Tanto que as pessoas não acreditam quando digo que não quero fazer novelas. Conheço outros atores que não têm vaidade. Mas há jovens que eu formei e que hoje não me cumprimentam.
O QUE TERÁ ACONTECIDO A BABY JANE?
Desta terça (7/2) a quinta-feira (9/2), às 20h.
Teatro do Sesc Centro (Alberto Bins, 665), fone (51) 3284-2070, em Porto Alegre.
Ingressos antecipados: R$ 30 (inteira), R$ 24 (sócio do Clube do Assinante e acompanhante) e R$ 20 (meia-entrada). Ingressos no teatro, duas horas antes de cada sessão: R$ 40 (inteira), R$ 32 (sócio do Clube do Assinante e acompanhante) e R$ 20 (meia-entrada).
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