Confira uma seleção de alguns destaques do Porto Verão Alegre, festival que começa amanhã e vai até o dia 19 de fevereiro na Capital
Dramaturgias
Montagens de grandes autores teatrais marcarão presença na programação. O dramaturgo italiano Dario Fo, que morreu em 2016, estará representado em uma versão já clássica no Estado, Pois é, vizinha..., com Deborah Finocchiaro, e também em Danke, com Juliana Kersting e Daniela Dutra. Ambas as peças foram escritas pelo Nobel de Literatura em parceria com Franca Rame. Shakespeare, que teve seus 400 anos de morte lembrados em 2016, terá duas de suas mais conhecidas peças montadas aqui: A comédia dos erros, na já tradicional versão da Cia. Stravaganza, e Sonho de uma noite de verão, da Cia. Teatro Novo, produção que estreia no evento. Outra montagem longeva é Goela abaixo ou Por que tu não bebes?, da Cia. Teatro do Quadrado, com texto do checo Václav Havel, que faz jus à tradição do teatro do absurdo. Já a diretora Suzi Martinez leva à cena Os dois gêmeos venezianos, trabalho de commedia dell’arte do italiano Carlo Goldoni, um clássico do século 18. Apareceu a Margarida, da Cia. Teatrofídico, traz a metáfora do autoritarismo criada por Roberto Athayde durante a ditadura militar em um espetáculo que valoriza a atuação de Renato Del Campão.
Sem crise, Porto Verão Alegre começa com 68 espetáculos
Espetáculo aborda a obra de Caio Fernando Abreu em chave lírica
Novas linguagens
Um dos raros espetáculos de fora do Rio Grande do Sul na história do Porto Verão Alegre, O homem bruxa leva à cena o multiartista André Abujamra em uma homenagem a seu pai, o grande homem de teatro Antônio Abujamra, morto em 2015, que realizou parte de sua formação intelectual em Porto Alegre (daí a ligação com o Rio Grande do Sul que interessou aos organizadores da mostra). O homem bruxa tem sessão única na próxima terça-feira. Outros espetáculos percorrem o caminho autoral de um teatro baseado em pesquisa de linguagem. O mal-entendido é uma premiada montagem de peça de Albert Camus sobre um homem que retorna ao albergue de sua família depois de décadas afastado. A encenação é de Daniel Colin, que também dirige Frida Kahlo, à revolução!, solo de Juçara Gaspar sobre a lendária artista mexicana, e Breves entrevistas com homens hediondos, adaptação do grupo Teatro Sarcáustico do livro do escritor norte-americano David Foster Wallace.
Comédia garantida
Embora hoje seja uma mostra de diferentes vertentes teatrais, o Porto Verão Alegre tem sua origem na comédia. São desse gênero alguns dos espetáculos mais queridos pelo público. O cardápio é variado, servindo a todos os gostos, e algumas atrações têm ingressos sempre disputados. É o caso de Homens de perto – Desgovernados, terceiro espetáculo da série criada por Zé Victor Castiel, Rogério Beretta e Oscar Simch sobre três homens “falcatruas” que tentam se dar bem na vida a qualquer custo. Guri de Uruguaiana, atração com o impagável personagem de Jair Kobe que brinca com as tradições gaúchas e virou um blockbuster do teatro gaúcho, chega em uma temporada de 11 sessões. No Teatro do Bourbon Country, Alcemar e a mascada perdida também deve atrair grande público com o personagem conhecido do programa de rádio Pretinho básico. Em outra vertente – a dança –, Abobrinhas recheadas promete risadas com coreografias que traduzem literalmente as letras de conhecidas canções populares. São apenas algumas das atrações divertidas do evento: vale a pena descobrir o espetáculo que mais agrada ao seu tipo de humor.
A vida delas
Comédias feitas por mulheres sobre as mulheres são garantia de risadas há tempos no Porto Verão. Se meu ponto G falasse, com as atrizes Patsy Cecato e Heloísa Migliavacca, conta as desventuras de duas amigas que falam de temas como trabalho e sexo. Com direção de Patsy, Manual prático da mulher moderna satiriza o excesso de cobrança às mulheres hoje, tendo elas que se desdobrar em diferentes papéis, como mãe, esposa e profissional. No elenco, Luciana Domiciano, Mariana Del Pino, Nina Eick e Rafael Albuquerque. O tema reaparece em Inimigas íntimas, com Fernanda Carvalho Leite, Ingra Lyberato e Néstor Monasterio, este também o diretor. Em outra perspectiva, séria e existencial, Como sobreviver ao fim do mundo busca inspiração no universo artístico de Miranda July para mostrar a vida de uma mulher, vivida pela atriz Catharina Conte, que espera algo emocionante acontecer a qualquer momento.
Dose tripla
Os espetáculos do diretor Bob Bahlis são marcados por humor, ternura e um certo sentimento geracional. É o que estará à mostra em três espetáculos. Um deles é uma estreia: Um hippie, um punk, um rajneesh é inspirado em uma música dos Replicantes. Retrata uma “geração pós-hippie, meio punk, meio zen” – os personagens do título e suas namoradas. O texto é de Ricardo Silvestrin. Em Tedy, o amor não é para amadores, com roteiro e direção de Bahlis, o personagem vivido por José Henrique Ligabue conta sua vida amorosa como se fosse uma palestra TED. Já em uma perspectiva feminina, Dez (quase) amores é uma recriação cênica do livro de Claudia Tajes sobre os relacionamentos de uma personagem, da infância à vida adulta.
Dilmar, 50 anos de carreira
Um dos nomes mais expressivos das artes cênicas no Estado, o diretor, dramaturgo e ator Dilmar Messias completa 50 anos de carreira em 2017. Em homenagem à trajetória do homem de circo e teatro que está à frente do Circo Girassol, dois espetáculos estarão no Porto Verão Alegre. Misto quente é uma homenagem à arte circense com direção de Dilmar e direção musical de Yanto Laitano. Já O hipnotizador de jacarés, voltado ao público infantojuvenil, traz os palhaços Serragem, Farinha e Farofa tentando, claro, hipnotizar um jacaré-de-papo-amarelo. Enquanto isso não acontece, eles fazem suas palhaçadas.
Conte com ele
Sucesso nos palcos do Rio Grande do Sul há mais de 30 anos, Bailei na curva atrai um público sempre renovado. Divertido e contundente, o espetáculo encena a vida de jovens na época da ditadura militar com encenação de Júlio Conte. Artista de longa trajetória, Conte também assina a direção de A partícula de Deus – O dia em que Peter Higgs encontrou Galileu Galilei, com texto seu e de Marcelo Zubaran Goldani. Em A mecânica do amor, com texto e direção de Conte, dois trabalhadores de uma oficina de carros, vividos por Fabrizio Gorziza e Lucas Sampaio, trocam impressões sobre a vida e o relacionamento com as mulheres.
Amor e diversão
O diretor Zé Adão Barbosa tem quatro espetáculos na programação. Dois deles estreiam agora. Amor de 4 é baseado no livro Fragmentos de um discurso amoroso, de Roland Barthes. O que terá acontecido a Baby Jane? é uma adaptação teatral do clássico filme de 1962. Além das estreias, o diretor apresenta Besteirol, a comédia! ou Tem drag queen no funk!, homenagem ao gênero besteirol, e, para os pequenos, A arca de Noé, com canções de Vinicius de Moraes.