Que Marcelo Serrado tem dom para a comédia não é novidade. O sucesso do mordomo Crô, da novela Fina estampa (2011), marcou a carreira do ator e também da teledramaturgia brasileira – o personagem chegou a protagonizar um filme. E é sua veia cômica que o artista mostrará em Porto Alegre neste sábado: ele apresenta o stand-up comedy É o que temos para hoje, no Teatro da Amrigs, às 21h.
Serrado já investe nesse formato nos palcos há pelo menos três anos, quando estreou Tudo é tudo e nada é nada. Agora, está em turnê com seu mais recente texto, que aborda a obsessão das pessoas pela internet.
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Já na TV, o clima não é de risos. Seu personagem em Velho Chico, novela das nove exibida pela RBS TV, é ambicioso e não está para brincadeira: amargo, se acha merecedor do patrimônio da família da esposa após anos de lealdade ao sogro.
– O Carlos é o que há de ruim na política, sempre pensando em benefício próprio e focado no poder – diz Serrado.
Em entrevista por e-mail, o ator fala sobre sua relação com a comédia e também afirma que a Globo acertou na aposta de uma novela fora dos padrões para o horário nobre.
Quais os desafios do formato stand-up? Gosta de explorar a comédia na carreira?
Sinto-me à vontade. Fui aprendendo, errando, acertando até achar esse formato em que estou e me sinto seguro. Já fiz muito por aí, vários festivais de humor como Risorama e Risadaria. Adoro escrever e me identifico cada vez mais com esse universo da escrita. O solo fica com a sua cara, são suas palavras, é o que você pensa que está ali. Vi uma vez um show do Jerry Seinfeld e fiquei muito impressionado pela forma como ele falava coisas mundanas com um humor ácido. Sou muito fã do Monty Python também.
Você costumava se posicionar politicamente nas redes sociais. No espetáculo, traz alguma intervenção de cunho político?
Falo de política, mas com muito humor, brincando com o momento atual. Sobre políticos, nas redes sociais não falo mais, pois essa polarizarão não me interessa, e os ânimos estão acirrados. De fato, vendo melhor, todos têm rabo preso no mundo político, ou, podemos dizer, uma grande parte, pelo menos. Na verdade, todos nós cidadãos de bem e que pagam seus impostos queremos um Brasil melhor, porém o quadro é triste. Vamos fazer humor. Melhor, né?
O sucesso do personagem Crô teve relação com a sua investida na comédia stand-up?
Acho que sim, mas não foi pensado. Digo apenas que me sinto bem fazendo. Me sinto à vontade e sempre tento jogar algo de humor nos meus personagens.
Na rua, as pessoas ainda comentam o Crô com você? E nos espetáculos, pedem para relembrar o personagem?
Falo do Crô na peça, sim. O público o tem como uma referência. Isso é normal, e me sinto lisonjeado com isso. Não é sempre que fazemos um personagem que vai além de você e do autor e vai parar nas ruas, alguém de quem as pessoas se sentem amigas. É um momento de luz na vida de um ator.
Como avalia seu atual trabalho na novela Velho Chico? Como ficará a relação do seu personagem com os Sá Ribeiro?
O Carlos é o que há de ruim na política, sempre pensando em benefício próprio e cada vez mais focado no poder. Quer conquistar tudo o que puder, e para isso não irá medir esforços. Com Afrânio ele é pau mandado, seu grande mentor. Mas ele não será leal durante muito tempo, pois quer o poder. A Tereza, ele ama profundamente e não saberá lidar com o ciúme. Fará de tudo para não perdê-la.
A trama de Velho Chico tem uma proposta diferente no horário nobre, da fotografia ao estilo de narrativa. O que acha de fazer parte dessa trama?
Me sinto honrado de mais uma vez estar junto com quem, para mim, é um dos grandes criadores de TV no país, o Luiz Fernando Carvalho. Temos um espaço que o Luiz disponibiliza no qual há aula de voz, corpo e tudo mais o que um ator necessita para uma grande pesquisa. É realmente único o que vivemos no galpão do Projac. Quando fiz Alexandre e outros heróis (especial que adaptou contos de Graciliano Ramos para a TV exibido pela Globo em 2013) com o Luiz, passamos pelo mesmo processo. A Globo fez um acerto botar essa novela depois de duas novelas das nove com temáticas parecidas. Estamos falando do nosso Brasil com um olhar diferente sobre questões tão importantes. Você pode gostar, ou não, mas tem uma novela com assinatura.
Quais são os próximos planos da carreira? Quer seguir apostando na comédia?
Farei o solo Os vilões de Shakespeare, do autor inglês Steven Berkoff, com tradução do Geraldo Carneiro. Na TV, faço outra novela a partir de março e, antes, uma comédia nos cinemas.
SERVIÇO
É o que temos para hoje. Stand-up comedy com Marcelo Serrado
Sábado, às 21h. Teatro da Amrigs (Ipiranga, 5.311).
Ingressos entre R$ 50 e R$ 60.
Pontos de venda (sem taxa): loja Youcom do shopping Bourbon Wallig.
Pontos de venda (com taxa): lojas Youcom (Bourbon Ipiranga, Praia de Belas, BarraShoppingSul, Iguatemi, Bourbon Novo Hamburgo, Shopping Canoas), lojas Multisom (na Rua dos Andradas, 1.001, em Porto Alegre, e na Rua Primeiro de Março, 821, em São Leopoldo) e site minhaentrada.com.br.