A atriz Fernanda Torres é um dos grandes nomes de Ainda Estou Aqui, filme que recebeu o prêmio de melhor roteiro no Festival de Veneza e que representa o Brasil na disputa por uma vaga no Oscar.
O longa é uma adaptação cinematográfica do livro de memórias escrito por Marcelo Rubens Paiva sobre a sua mãe, Eunice Paiva, uma mulher comum que, durante a ditadura militar no Brasil se vê sozinha com seus cinco filhos. Isso porque o marido, o deputado federal Rubens Beyrodt Paiva, é cassado pelos militares em 1971 e nunca mais volta para a casa.
Interpretada por Fernanda Torres e, já no fim da vida, por Fernanda Montenegro, a figura da matriarca foi descrita como uma "heroína silenciosa" pelo diretor Walter Salles durante entrevista ao Fantástico deste domingo (27).
— Na história dessa mulher havia uma afirmação de vida, sabe? Uma afirmação de uma identidade muito própria, de uma mulher que, de alguma forma, é uma heroína silenciosa no Brasil — descreve Salles.
Fernanda Torres também destaca o fato de que a história é contada do ponto de vista da mulher e da família, ponderando o quanto esse ato é "político".
— É uma mulher que nunca quis se vitimizar em público porque sentia que isso seria dizer para a ditadura que eles tinham vencido sobre ela. Por isso, ela sorri nas fotografias. Por isso, ela nunca tenha contado aos filhos o que aconteceu — disse Fernanda Torres.
A atriz também contou que perdeu peso para interpretar Eunice nos cinemas.
— Eu achava que não tinha peso para perder, mas ela tinha obsessão por magreza, porque a família toda engordava. Ela vai para a prisão e perde 11 quilos em nove dias. Não consegui chegar no que ela chega de magreza na prisão, mas perdi de oito a 10 quilos — comenta.
Para Selton Mello, o filme é "humano".
— Mesmo que você não tenha tido uma perda parecida com a da família Paiva, as perdas te comovem e fazem você criar essa associação. Acho que esse é o ponto: é um filme que você sente — afirmou.
Ainda Estou Aqui estreia em 7 de novembro nos cinemas brasileiros.