O filme Mary Poppins (1964), clássico da Disney estrelado por Julie Andrews e Dick Van Dyke, teve a classificação etária elevada pelo British Board of Film Classification (BBFC) quase 60 anos após ter sido lançado pela primeira vez. O conselho determinou que o longa contém "linguagem discriminatória". A obra passou de classificação U (Universal, ou Livre) para PG (Parental Guidence Suggested, ou Orientação Parental Sugerida, em tradução livre).
Em celebração aos 60 anos do filme dirigido por Robert Stevenson, Mary Poppins será relançado em cinemas selecionados do Reino Unido ao longo do próximo mês. Para isso, o BBFC decidiu atualizar a classificação pela primeira vez desde 1964.
Ainda que o BBFC não tenha especificado o motivo para a reavaliação, de acordo com o Daily Mail, a decisão se deu devido à utilização do termo Hottentots para se referir a tribo indígena Khoekhoe, da África do Sul, considerado racista. A palavra seria derivada do holandês antigo e significaria "gago", em referência aos sons de cliques presentes na linguagem da tribo.
Conforme o portal, a palavra é utilizada duas vezes no filme pelo Almirante Boom, interpretado por Reginald Owen. Na primeira, quando ele está terraço da casa dele (que parece um navio de guerra) e pergunta a Michael se ele lutará contra o povo africano. Depois quando o idoso faz menção aos limpa-chaminés cujos rostos estão cobertos de fuligem. Boom então ordena que fogos de artifício sejam disparados contra "os inimigos" (vídeo abaixo).
"Compreendemos pela nossa investigação sobre racismo e discriminação que uma preocupação fundamental para os pais é o potencial de expor as crianças à linguagem ou comportamento discriminatório que eles possam considerar angustiantes ou repetir sem perceberem a potencial ofensa", declarou um porta-voz do BBFC ao jornal britânico.
Mary Poppins não é o primeiro filme clássico a ter a classificação elevada nos últimos anos. De acordo com o relatório anual de 2022 do BBFC, a animação Uma Grande Aventura (1978) também recebeu uma classificação PG, uma vez que os classificadores buscaram "permanecer em sintonia com os padrões sociais".
Em 2018, o clássico sobre a mágica babá recebeu uma sequência com Emily Blunt (O Diabo Veste Prada) vivendo a protagonista e Lin-Manuel Miranda (Hamilton) no papel de Bert.