Os suspenses eróticos estão em alta novamente. E a Netflix teve como a principal confirmação a franquia polonesa de 365 Dias (2020), que acumulou críticas desastrosas, mas, em compensação, conquistou uma legião de espectadores — o que fez com que o serviço de streaming entregasse outras duas sequências, ainda mais criticadas.
Ao ver o pote de ouro, a Netflix decidiu apostar ainda mais na temática. Inclusive, em solo nacional. Chega ao catálogo da plataforma nesta quarta-feira (25) o thriller erótico brazuca O Lado Bom de Ser Traída, que adapta o livro homônimo da paulista Débora Gastaldo, sob o pseudônimo Sue Hecker, fortemente inspirado em outro suspense sensual, Cinquenta Tons de Cinza (o livro foi lançado em 2011 e o filme, em 2015).
O título acompanha a história de Babi (Giovanna Lancellotti), uma jovem bem-sucedida que, às vésperas do casamento, descobre que está sendo traída pelo noivo Caio (Micael Borges) — que ainda parece estar envolvido em um esquema de corrupção empresarial. Desiludida, ela acaba se entregando a uma nova aventura com o misterioso juiz Marco (Leandro Lima), o que seria o tal "lado bom de ser traída". Porém, mistérios e perigos começam a rodear a protagonista.
O longa não tem como foco entregar uma história inovadora, mas, sim, as cenas de sexo. O suspense é apenas para deixar tudo mais quente — ou, pelo menos, tentar. Mas, afinal, a produção nacional tem condições de virar uma febre como 365 Dias? Bem, alguns ingredientes mostram que sim.
Tem sexo
Já começamos com este tópico, porque é o grande chamariz do filme. Sim, as cenas de sexo são frequentes e não faltam bundas e peitos, com os atores explorando algumas posições, mas nada muito inventivo. A aposta, realmente, é nos corpos sarados, com closes e câmeras lentas. Porém, não espere nudez frontal dos artistas.
Hits BR
A trilha sonora é recheada de músicas de estrelas do pop nacional, como Iza, Glória Groove, Giulia Be e Anitta, em uma versão mais "sensual" de sua Envolver. Ou seja, a produção está alinhada com o que está fazendo sucesso no Brasil — e busca colocar o filme junto nas paradas.
Tem mistério
O principal mistério do filme é quem está stalkeando e aprontando para Babi. E não demora muito para descobrir quem é o vilão — ou a vilã — da história, muito antes de a revelação ser feita. As atuações beiram a canastrice, com diálogos expositivos e um clima soturno para dar a vibe "sexy" e misteriosa — Giovanna e Camilla de Lucas, que vive Patrícia, amiga de Babi, são as únicas que conseguem segurar com dignidade os seus papéis, mesmo que o texto não ajude.
E outros mistérios
Ainda existem outros arcos na história que precisam ser desvendados. Os mistérios envolvendo Marco são bobos, sendo ele o homem desacreditado e que não se abre, mas que reencontra o amor em Babi. Porém, alguns pontos da relação são risíveis, podendo ser resolvidos com uma simples resposta ou um telefonema — mas a trama tem de andar, né? Ainda tem toda a narrativa da corrupção corporativa supostamente praticada por Caio, que é resolvida da maneira mais superficial possível.
Menos problemático
Ao contrário da franquia 365 Dias, porém, O Lado Bom de Ser Traída não glamouriza os abusos. O longa nacional explora a questão da infidelidade, mas não submete a mulher ao papel de aceitar aquilo. E, inclusive, mesmo com a ajuda do homem, quem salva a protagonista é uma mulher. Assim, O Lado Bom de Ser Traída não chega a ser ofensivo. E está aí um ponto positivo.