Quer saber onde está passando o filme da Barbie? Encontre as pessoas de rosa. Muitos dos que perambulavam pelo saguão do GNC Praia de Belas, em Porto Alegre, na noite desta quinta-feira (20), quando o longa estreou nacionalmente, vestiam a cor emblema da boneca que ganhou o rosto de Margot Robbie nas telonas.
Não somente as mulheres. Colegas de trabalho, Gabriel Paz, 24 anos, e Murilo de Moraes, 25, ambos desenvolvedores de software, tiraram do armário blusões cor-de-rosa para assistir à sessão das 21h30min. A Barbie esteve presente na infância dos dois.
— Sempre brinquei de Barbie com minhas primas. Ao mesmo tempo, também jogava futebol — diz Gabriel, exibindo as pálpebras pintadas com sombra cor-de-rosa.
Já Murilo via os filmes e desenhos estrelados pela boneca da Mattel.
— Minha irmã tinha medo dos vilões, então eu assistia a Barbie com ela. Aí, fui entendendo o universo da boneca. Acho divertido como ela ganhou diferentes profissões — explica o rapaz, garantindo que já gostava de rosa muito antes de o filme virar febre nacional.
Enquanto alguns faziam fila para tirar fotos dentro da caixa em tamanho gigante que imita a embalagem em que a boneca é vendida, as irmãs Gisela Andrade, 35 anos, analista de controle, e Alexandra Andrade, 36, assistente administrativa, olhavam-se em um espelho adornado por luzes. Elas recém haviam assistido ao filme. Negras, acreditam que a produção entrega o que promete: diversidade entre os tipos de mulheres.
— Vimos a Barbie gordinha, a Barbie de cabelo crespo... É um filme reflexivo, que fala que as mulheres não são dependentes dos homens e podem exercer qualquer profissão — diz Alexandra.
Um grupo de amigas aguardava a exibição das 21h30min com expectativas moderadas. Mariana Samurio, 29 anos, Vanessa Samurio, 32, Daniele Vaz, 34 e Gabriele Vicente, 34, brincaram de Barbie na infância e, agora, passadas algumas décadas, identificam que a boneca de antigamente não era exatamente um exemplo de representatividade.
— A Barbie que conhecemos não era feminista. Mas, com o tempo, foi se moldando ao que as feministas pediram. Hoje, tem Barbies de todo tipo, de diferentes corpos — aponta Vanessa.
Elas entendem que, embora a Barbie emane um poder feminino, não é capaz de causar revoluções.
— A Barbie nos ajuda a querer sempre mais, mas não é ela quem lidera as mudanças — observa Daniele.
Como o filme dirigido por Greta Gerwig tem um apelo feminista, as amigas entenderam que valia a pena fazer fila no cinema para conferir a história.
— Quando vi que a cineasta era uma das poucas mulheres indicadas ao Oscar de melhor diretora, que tinha a Margot Robbie no papel, e que tinha um roteiro diferente, vi que era um outro tipo de filme da Barbie. Se o filme faz a gente questionar, já vale a pena — acrescenta Daniele.