Um cachorro chamado Hank tem um sonho: tornar-se um samurai. Porém, tal posto foi sempre ocupado por gatos. Persistente, ele não desiste de seu objetivo e parte para uma cidade dominada pelos felinos na intenção de treinar e virar um mestre espadachim.
O forasteiro, no entanto, não é bem-recebido pelos bichanos e acaba sendo usado pelo vilão Ika Chu como parte de um plano maligno de despejar os moradores de um vilarejo próximo — o que o malvadão não contava é que a vontade do canino de ser um guerreiro era grande demais.
Hank, então, com determinação, treinamento de um antigo samurai chamado Jimbo e muita sorte, acaba se tornando, aos poucos, o herói que ele sempre quis ser — não sem antes se meter em diversas confusões. Esta é a premissa de O Lendário Cão Guerreiro, que chega nesta quinta-feira (25) aos cinemas nacionais.
— O filme tem uma mensagem que é muito boa: um cachorro que vai virar um samurai, que é uma coisa que só gato faz. É um cara que vai para uma terra estranha buscar um sonho. Então, é importante a gente chegar com essa mensagem para as nossas crianças, que estão sendo atropeladas pela realidade. E o sonho ainda é uma coisa importante — disse Paulo Vieira, que dubla em português o protagonista Hank, em coletiva de imprensa da qual GZH participou.
A animação, que é bem focada no público infantil, é um remake da comédia de faroeste Banzé no Oeste (1974), do cineasta Mel Brooks — que, inclusive, dubla na versão original um dos personagens do desenho animado: Shogun.
Além de Brooks, o elenco da dublagem norte-americana conta com diversos nomes consagrados de Hollywood, como Michael Cera como Hank, Samuel L. Jackson como Jimbo, Michelle Yeoh como Yuki, Ricky Gervais como Ika Chu, George Takei como Ohga, entre vários outros.
A Paramount Pictures, no Brasil, não quis ficar para trás e trouxe um time de vozes inconfundíveis: além de Vieira, Ary Fontoura e Deborah Secco estão no elenco. O trio de artistas foi dirigido por Wendel Bezerra, dublador de Goku, de Dragon Ball, e dono do estúdio UniDub.
— Esse foi um trabalho para agradar a minha criança interna: eu estou dublando uma animação, essa animação é um cachorro e quem me dirigiu foi o Goku. Então, para mim, está tudo certo. O ano pode acabar — destacou Vieira.
Achando a voz
Paulo Vieira faz a sua estreia no ofício, tendo passado dois dias no estúdio para dar a voz brasileira de Hank. E, para ele, que cresceu assistindo a filmes dublados na Sessão da Tarde, já chegar interpretando um protagonista foi, sobretudo, uma grande responsabilidade, uma vez que o Brasil tem profissionais de grande reconhecimento mundial:
— A gente tem uma história, uma faixa de ser a melhor dublagem do mundo. Então, eu chego com muita humildade, muito respeito e confiando muito na direção do Wendel, que é uma referência para mim.
Ary Fontoura, que dá vida a Shogun, concluiu o seu trabalho em apenas quatro horas. Mesmo assim, o processo teve diversas camadas e estudos por trás. Segundo o ator, a sua ideia para dar voz ao gatinho foi buscar inspiração em outros personagens seus e, assim, imaginar que o bichano, na verdade, era outra criatura.
— Os animaizinhos podem ter características humanas. Quanto mais colocava no meu gato um ser humano, um ser racional, mais eu o sentia engrandecido. Acho que ficou muito mais encorpado. E a voz, também, passou a ser um pouquinho diferente. Você pode ter mil vozes, se quiser. É só uma questão de treino e adaptação vocal, que é uma coisa que nós, atores de teatro, fazemos de uma forma bastante cotidiana — apontou o ator.
Os dubladores não trabalharam juntos no estúdio. Então, o papel de Wendel Bezerra foi essencial para dar as coordenadas e os artistas conseguirem entender em que ponto da narrativa estavam, como reagir, quais sentimentos empregar, a velocidade, entonação, enfim, como fazer a voz do personagem em cada momento. Até porque os profissionais brasileiros não tiveram acesso ao filme na dublagem original.
— A direção queria que a gente entendesse o personagem, a emoção dele, o texto, mas que a gente criasse em cima deste texto e desta emoção — detalhou Vieira, que ainda acredita que a sua experiência no humor pode ter ajudado no resultado. — Tem uma coisa em relação ao timing, uma facilidade em relação ao timing da comédia na dublagem para uma pessoa que faz stand-up, porque a base é o texto, a voz, a entonação, o ritmo. E, quando você vai fazer comédia na dublagem, isso acaba sendo uma vantagem.