O curta Cantareira, dirigido por Rodrigo Ribeyro, foi selecionado para a Mostra Cinéfondation do Festival de Cannes, que acontece entre os dias 6 e 17 de julho. A mostra é focada em novos diretores.
— É uma notícia que dá energia — define Ribeyro.
Com razão, afinal, trata-se de uma seleção composta por 15 a 20 curtas escolhidos entre candidatos do mundo todo.
O filme, que foi seu trabalho de conclusão de curso da Academia Internacional de Cinema de São Paulo, mostra a história de Bento e Sylvio, neto e avô respectivamente, ambos com raízes profundas na Serra da Cantareira, mas em momentos diferentes de vida.
O mais velho contempla preocupado o atual estado da Serra, com o "avanço" à espreita do aspecto natural do lugar, já cicatrizado por lojas e estradas abertas em meio a mata. O jovem vive em São Paulo, solitário, envolto pela cacofonia da cidade grande.
O diretor baseou muito de sua vivência para criar o roteiro.
— Eu cresci na Cantareira, nesse lugar tranquilo, onde o tempo corre (ou corria) numa outra velocidade e onde o som colabora (ou colaborava) para um estado muito mais sereno —descreve. — Mudar para o centro de São Paulo, fazer amizade com os trabalhadores da região e perceber todas essas diferenças foi a faísca.
E complementa que o filme acompanha as atuais mudanças na Serra da Cantareira:
— Há um impacto econômico, ambiental e social que tem seus prós e contras, suas ambiguidades. Por conta disso, há vários aspectos documentais como, por exemplo, a locação da cena final, a Pedreira do Dib, que neste momento está sendo fortemente descaracterizada.