A Voz Suprema do Blues, último filme gravado por Chadwick Boseman, estreia na Netflix nesta sexta-feira (18). Inspirado na peça do vencedor do prêmio Pulitzer August Wilson, Ma Rainey's Black Bottom, o longa-metragem retorna à Chicago de 1927 para explorar as tensões raciais nos Estados Unidos, em meio à cena do blues, dominada por negros.
Viola Davis interpreta a Ma Rainey do título original, cantora considerada a Mãe do Blues. Temperamental e ligada a uma época passada, ela entra em conflito com Levee (Boseman), um trompetista ambicioso, parte de uma nova geração, que está ávido por mudanças.
Um dos filmes mais aguardados do ano, a obra já é uma das favoritas na corrida pelo Oscar. E as primeiras impressões dos críticos parecem apoiar essa visão: no Rotten Tomatoes, a produção tem 98% de aprovação do público especializado; no Metacritic, 86 pontos e um selo de “deve ser assistido” (must see).
Um dos destaques é, inevitavelmente, a atuação de Boseman. A morte prematura do astro de Pantera Negra, aos 43 anos, em agosto, colocou ainda mais peso sobre o filme, dirigido por George C. Wolfe.
"Por mais poderosa que seja a atuação de Davis, o filme é de Boseman", escreve Peter Debruge, crítico de cinema da Variety. "O nome de Ma Rainey está ali no título (original), mas Levee (personagem de Chadwick) está tentando sequestrar seu show a cada passo, então faz sentido que nossos olhos estejam sobre ele quando o trompetista começa a implodir — uma estrela colapsando, deixando tudo na tela. Que sorte que o legado de Boseman inclua este filme, uma homenagem à arte negra que é forte o suficiente para enfrentar os custos de fazê-la".
O diretor também não poupou elogios ao artista. "É uma atuação lendária nas telas", afirmou Wolfe a Reuters. "Ele conduziu o papel com tanta ferocidade e deu sua intuição para o papel, e é isso que você vê na tela."
A.O. Scott, do New York Times, também destacou a performance do ator. "É difícil assistir Levee — maravilhar-se com o dinamismo esguio e faminto de Boseman — sem sentir um choque renovado e tristeza pela morte dele no início deste ano." O sentimento foi compartilhado por Richard Lawson, da Vanity Fair, que escreveu: "É uma emoção assistir a Boseman saltar e se exaltar. É incrivelmente triste, também, saber que esta é a última vez que veremos as muitas facetas e variações emergentes de seu talento. Como no resto de Ma Rainey, a tristeza desse metafato (Boseman morreu de câncer em agosto, aos 43 anos) não abafa a verve, o calor de sua fornalha criativa. O desempenho de Boseman é maravilhosamente vivo, para ser saboreado por muitos anos".
Já Peter Bradshaw, do jornal britânico The Guardian, afirmou que é uma saída gloriosa para Boseman: "É um confronto direto dos galácticos: Davis e Boseman são, cada um, o objeto imóvel e a força irresistível”. Como afirmou Justin Chang, do Los Angeles Times, “Os momentos finais de Boseman nas telas estão entre os mais sombrios e também os melhores de sua vida".