O célebre compositor italiano Ennio Morricone, um dos músicos mais admirados e premiados do mundo do cinema, faleceu em Roma, aos 91 anos. Ele estava hospitalizado em uma clínica da capital italiana após sofrer uma queda na qual fraturou o fêmur, de acordo com fontes ligadas à família.
Morricone faleceu em "6 de julho reconfortado pela fé", afirma em um comunicado o advogado e amigo da família Giorgio Assuma. O artista permaneceu "totalmente lúcido e com uma grande dignidade até o último momento", completa a nota.
Ennio Morricone nasceu em 10 de dezembro de 1928 em Roma e começou a compor aos seis anos. Aos 10, foi matriculado em um curso de trompete da prestigiosa Academia Nacional Santa Cecília de Roma. Também estudou composição, orquestra e órgão.
Em 1961, aos 33 anos, estreou no cinema com a música de O Fascista, de Luciano Salce. Pouco depois, ganhou fama com as trilhas sonoras de westerns como Por um Punhado de Dólares e Três Homens em Conflito.
O venerado músico ainda compôs a trilha sonora de dezenas de filmes, incluindo os temas imortais de Três Homens em Conflito, Cinema Paradiso e A Missão. "A música de A Missão nasceu de uma obrigação. Tinha que escrever um solo oboé, se passava na América do Sul no século XVI, e tinha a obrigação de respeitar o tipo de música do período. Ao mesmo tempo, eu tinha que compor uma música que também representasse os índios da região. Todas as obrigações me prendiam (...) Mas também fizeram com que saísse algo claro", recordou o compositor em uma entrevista em 2017.
Em 2016, venceu o primeiro Oscar, pela trilha sonora do filme Os Oito Odiados, de Quentin Tarantino. Em 2007 já havia recebido um Oscar honorário por sua abundante e elogiada carreira musical.
Além das duas estatuetas do Oscar, Morricone também foi premiado com Globos de Ouro e Grammy, compôs óperas e canções para artistas pop, em uma prolongada carreira que encerrou de maneira brilhante em 2018 com uma turnê mundial de despedida. Há apenas alguns dias, foi homenageado, ao lado do também compositor John Williams, com o prêmio Princesa das Astúrias das Artes na Espanha.
"Adeus mestre e obrigado pelas emoções que nos presenteou", escreveu no Twitter Roberto Speranza, ministro italiano da Saúde.
"Sempre nos recordaremos, e com um reconhecimento infinito do gênio artístico, do maestro Ennio Morricone. Nos fez sonhar, nos emocionou e fez pensar, escrevendo notas inesquecíveis que ficarão para sempre na história da música e do cinema", escreveu no Twitter o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte.