Consagrado com quatro Oscar na premiação deste ano – melhor filme, melhor direção, melhor filme internacional e melhor roteiro adaptado – por Parasita, o cineasta sul-coreano Bong Joon-Ho fez história. Seu longa foi o primeiro de língua não-inglesa a vencer na categoria principal. Duas décadas se passaram desde sua estreia até chegar a esse momento.
Hoje com 50 anos, Bong iniciou na realização de longas com Cão que Ladra Não Morde, em 2000. Depois se projetou com Memórias de um Assassino (2003) e se consagrou mesmo com O Hospedeiro (2006) – tornando-se conhecido por suas sátiras da sociedade da Coreia do Sul, além de seu humor ácido característico.
A seguir, conheça outros longas da trajetória de Bong.
Cão que Ladra Não Morde (2000)
O filme gira em torno de Ko Yun-ju (Lee Sung-jae), um aspirante a professor universitário que está desempregado há meses, enquanto sua esposa grávida ainda trabalha e o sustenta. Frustrado com sua vida profissional e pessoal, ele passa a se irritar também com o latido constante do cachorro do vizinho. Ele decide encontrar o cão para dar um jeito na situação, mas as coisas não saem bem como o planejado.
Memórias de um Assassino (2003)
O segundo longa de Bong é baseado na história real de um serial killer da Coreia do Sul, que atacou entre 1986 e 1991 e é apontado como primeiro caso do tipo no país. Na trama, dois detetives do interior se unem a um profissional da capital para investigar uma série de mortes de garotas jovens em dias chuvosos. Com este suspense enigmático, que remete a Fargo (1996), Bong levanta questões como abuso policial e tortura.
O Hospedeiro (2006)
Em seu terceiro longa, Bong se afirmou internacionalmente, com direito a estreia no Festival de Cannes. Unindo terror, humor e ficção científica, O Hospedeiro conta a história de uma criatura gerada por poluição de indústria química, que emerge do rio Han, em Seul. Quem resolve enfrentar o monstro gigante é a família de Gang-Du Park (Song Kang-ho), após ver a filha (Ko Ah-sung) ser engolida. Enquanto isso, os cidadãos sul-coreanos revoltam-se contra o descaso do governo e a intromissão dos Estados Unidos nos assuntos do país. Elogiado por sua inventividade, O Hospedeiro se firmou no panteão dos filmes de monstros.
Mother – A Busca Pela Verdade (2009)
Neste filme, acompanhamos a mãe solteira de um rapaz de 27 anos limitado mentalmente. De tão dependente, ele ainda é tratado como se ainda fosse uma criança. Os dois chegam até a dividir a mesma cama. No entanto, após uma noite de bebedeira, o filho segue uma estudante colegial. Ao que é mostrado para o espectador, nada acontece. Entretanto, no dia seguinte, ela surge morta, e o rapaz é acusado de assassinato e vai preso. Certa de que o filho é inocente, a mãe decide fazer uma investigação por conta própria para achar o verdadeiro culpado.
Expresso do Amanhã (2013)
E Bong chegou a Hollywood com esta ficção científica com crítica social baseada na graphic novel francesa Le Transperceneige, de Jacques Lob, Benjamin Legrand e Jean-Marc Rochette. Com um elenco com nomes como Chris Evans, Tilda Swinton e Octavia Spencer, Expresso do Amanhã apresenta um futuro em que experiências científicas equivocadas fizeram o planeta entrar em uma nova era do gelo. Quem sobreviveu tornou-se tripulante de um trem que passará a eternidade dando voltas no globo terrestre. Ali, as pessoas foram divididas em classes: na primeira, vive-se de forma confortável, com comida abundante; na segunda, a alimentação é controlada e há a necessidade de submissão. Não lembra a vida real?
Okja (2017)
Um dos longas mais comentados na disputa pela Palma de Ouro no Festival de Cannes 2017, Okja foi alvo de polêmica na época de seu lançamento por ter estreado direto na Netflix, sem ter sido exibido nos cinemas. O longa é uma fantasia sobre uma garotinha (Ahn Seo-hyun) que luta para impedir que uma criatura gigantesca – um grande porco geneticamente modificado – mantida por sua família seja raptada por uma multinacional com interesses nefastos e chefiada pela personagem de Tilda Swinton. Paul Dano e Jake Gyllenhaal são outros nomes do elenco.
Em Okja, o diretor envia várias mensagens em favor do meio ambiente e contra o capitalismo, ressoando temáticas que já foram transmitidas em filmes anteriores dele e que reapareceram em Parasita.