O ano é 1992 e uma turma de oito primos da família Baumann se desloca para curtir as férias de verão na fazenda da família, no sul de Minas Gerais. Entre cervejas, brincadeiras, risadas e banhos no lago, o que era diversão vira uma tragédia misteriosa. Os oito primos desaparecem sem deixar nenhum vestígio. Nenhuma solução foi encontrada, e o caso foi arquivado. Os Jovens Baumann, que entrou em cartaz na última quinta-feira (19), apresenta os últimos momentos dos herdeiros de uma das famílias cafeeiras mais importantes do estado mineiro.
Estreia na direção de Bruna Carvalho Almeida, que assina o roteiro com Larissa Kurata, Os Jovens Baumann tem premissa adequada para um filme de mistério, ou uma daquelas séries documentais que reviram um crime antigo. E é isso mesmo: o longa de 70 minutos usa a linguagem de um documentário observativo entrelaçado com a ficção. Como se fosse um found footage (“filmes perdidos”, ao estilo A Bruxa de Blair), mas desvencilhando-se desse formato para utilizá-lo a favor da sua narrativa, a produção “recupera” imagens de arquivos familiares em fitas VHS.
As férias daquele grupo de primos foram registradas por Isadora Baumann. São imagens caseiras apresentadas de forma fragmentada. Essas gravações transparecem nostalgia, mostrando a descontração de jovens conversando e se divertindo. Em alguns momentos, esses registros beiram o onírico e poético. Mas, de certa forma, essas fitas são desconcertantes e melancólicas: há uma sensação constante de que algo está fora do lugar. A boa condução de Bruna direciona o espectador a buscar pistas nas imagens sobre o que pode ter levado esses primos a sumirem abruptamente. Nas gravações, os Baumann parecem fantasmagóricos.
Fantasmas
As fitas VHS de Isadora são encontradas em 2017 pela filha de um antigo funcionário da fazenda. Nunca enxergamos seu rosto, só ouvimos sua voz e sabemos que sua infância foi marcada pelo desaparecimento dos Baumann. É ela quem narra o filme (voz de Isabela Mariotto). No entanto, essa narrativa no presente por vezes quebra o bom ritmo dos registros caseiros – e a narração em off é um tanto impostada e ingênua.
Os Jovens Baumann é um filme de ficção que não envereda para uma narrativa investigativa, mas sim para conduzir o espectador ao caminho da especulação. Somos apresentados aos fantasmas de jovens para sermos assombrados por interrogações.
Os Jovens Baumann
De Bruna Carvalho Almeida. Suspense, Brasil, 2018, 70min, 14 anos. Em cartaz no CineBancários, às 15h, e Sala Paulo Amorim, às 17h15min.