A organização e a curadoria do Festival de Cinema de Gramado apresentaram na tarde deste sábado (24) um balanço da 47ª edição e já apresentaram informações sobre a edição de 2020. De acordo com Edson Néspolo, presidente da Gramadotur, entidade promotora do evento, o festival já tem data marcada para o ano que vem: de 14 a 22 de agosto. Ele também fez uma avaliação positiva do evento.
— Tivemos um recorde de inscrições, com mais de 1.100 filmes, uma seleção criteriosa com filmes que agora começam a ganhar espaço em outros festivais, júris de muita expressão, com nomes nacionais e internacionais importantes, mostrando que nossas escolhas foram fundamentadas — disse Néspolo.
O atual curador, o jornalista Marcos Santuário, teve seu nome confirmado para o grupo de curadores no próximo ano. Outros nomes para recompor o grupo de curadores, desfalcado devido às mortes recentes de Rubens Ewald Filho e Eva Piwowarski, serão divulgados na cerimônia de premiação, marcada para a noite deste sábado, a partir das 21h.
Esta edição do festival foi marcada por manifestações políticas de técnicos, elencos e diretores ecoando o desenvolvimento da crise do financiamento audiovisual ao longo da semana, com ameaças do presidente Jair Bolsonaro à continuidade do trabalho da Ancine e suspensão de um edital já em andamento. Com a crise entre o governo e a classe artística, o corte ao financiamento público de filmes pode ter impacto direto em festivais pelo Brasil afora, incluindo Gramado, que tem se mantido livre das recentes dificuldades financeiras para ser viabilizado. Questionado sobre o assunto, Edson Néspolo relembrou o momento mais crítico do festival, nos anos 1990, como um exemplo de que Gramado pode sobreviver a quaisquer tempestades.
— Esse momento de extremos que acontece no país não faz bem para o Brasil. Torcemos pelo equilíbrio. Fizemos uma reunião com os principais festivais de cinema do Brasil, coisa que nunca havia acontecido. Temos que mostrar e provar mais de uma vez que o cinema brasileiro gera emprego e renda, já que é essa a linguagem que eles compreendem. Teremos uma audiência com o ministro para mostrar nossa força em conjunto. Quando enfrentamos uma crise em 1992, Gramado soube se reinventar, se abrindo para as produções ibero-americanas. Seguiremos na luta afirmando a importância do Fundo Setorial e da Lei Rouanet. A bandeira da cultura está acima da ideologia — avaliou.
Os números de Gramado
- 114 sessões entre mostra competitiva, reprises, mostra infantil, mostra de curtas e longas gaúchos e sessões e exibições especiais.
- 73 produções entre longas gaúchos, brasileiros e latinos, curtas gaúchos e nacionais, produções universitárias brasileiras e de festivais latinos convidados.
- Mais de cem horas de projeção de filmes
- Mais de 1.500 pessoas envolvidas entre alunos e professores no Cinema nos Bairros
- O projeto Educavídeo exibiu 10 produções assinadas por 70 alunos da rede municipal de educação, em projeto desenvolvido desde 2011.
- Sete sessões com audiodescrição e legenda descritiva também no palco principal, além do Encontro Nacional com Legenda e a projeção de Expedição 21, que reuniu centenas de pessoas com síndrome de down.
- 2.193 ingressos vendidos
- 1.819 pessoas credenciadas