Um dos atores mais prestigiados da Argentina, Leonardo Sbaraglia recebeu o Kikito de Cristal na noite desta sexta-feira (23), no palco do Palácio dos Festivais. O prêmio do Festival de Cinema de Gramado é entregue a expoentes do cinema latino-americano.
— Que precioso! Muito obrigado. Estou muito comovido por estar aqui e receber tanto afeto de vocês — disse ele durante a homenagem.
Sbaraglia ainda refletiu sobre o momento que vive em sua carreira:
— Este é o momento de começar a ver o mundo como uma criança.
Aos 49 anos, Sbaraglia começou sua carreira aos 16 com A Noite do Lápis (1986). De lá para cá, marcou presença em filmes como Plata Quemada (2000), seu primeiro grande sucesso, Intacto (2001), Relatos Selvagens (2014) e Neve Negra (2017).
O ator ainda expandiu sua atuação para além do cinema argentino, trabalhando em produções da Espanha e México, incluindo a coprodução brasileira e uruguaia O Silêncio do Céu (2016) – que recebeu os kikitos de Júri da Crítica, Melhor Desenho de Som e o Prêmio Especial do Júri no Festival de Gramado.
Além do cinema, Sbaraglia tem uma sólida carreira televisiva. Entre 1987 e 1990, ele foi projetado pela telenovela juvenil Clave de Sol. Também participou da série brasileira O Hipnotizador, de José Eduardo Belmonte, e seu trabalho mais recente em seriados é Maradona, Sueño Bendito. Prevista para ser lançada pela Amazon Prime Vídeo ainda neste ano, a atração contará a história da vida do craque argentino.
Entre os próximos filmes do ator argentino estão Oríneges Secretos, de David Galán, e Wasp Network, de Olivier Assayas – adaptação do livro Os Últimos Dias da Guerra Fria, de Fernando Morais, e que contará com nomes como Penélope Cruz, Wagner Moura e Gael García Bernal.
Seu trabalho mais recente em cartaz no Brasil é Dor e Glória, lançado neste ano, no qual ele é dirigido pelo renomado cineasta Pedro Almodóvar.
Acompanhe uma entrevista com Leonardo Sbaraglia:
Como foi trabalhar com Almodóvar em Dor e Glória?
Admiro Pedro Almodóvar há muitos anos. É um grande artista, um grande diretor. Está sempre muito atento a cada um dos processos artísticos da história. Ele estava há muito tempo pensando em quem poderia interpretar o personagem que eu fiz. Me chamou para fazer um teste na Espanha. Trabalhei com ele por um tempinho e Almodóvar disse que não tinha nenhuma dúvida. Eu o senti emocionado, como se tivesse encontrado o que estava procurando. Ele é muito rigoroso com cada um dos elementos do trabalho. É um diretor muito exigente. Não foi tão trabalhoso, mas, ao mesmo tempo, estava tão emocionado e agradecido por estar trabalhando com ele que tinha meu coração aberto.
Quais são os atores e diretores brasileiros que você admira?
Entre as figuras de tantos diretores importantes que surgiram nos últimos anos, o mais importante, para mim, foi Water Salles. Teve o caso também de Wagner Moura, com quem tive a sorte de trabalhar. Também trabalhei com outros nomes, como Marco Dutra, que tive a sorte de ver todos os seus filmes antes de trabalhar com ele (O Silêncio do Céu). Com Marco, tive um trabalho incrível. Com Rodrigo Teixeira também, é importante lembrá-lo. Tem muitas produções importantes em seu currículo. Tive a sorte de trabalhar com Chico Diaz, uma grande pessoa e um excelente ator. Em O Hipnotizador, trabalhei com muitos atores brasileiros encantadores. Sigo em contato com muitos.
Você gostaria voltar a trabalhar aqui?
Tomara! Com Rodrigo Teixeira sempre tenho chances. Mantemos vivo esse vínculo com Brasil. Tenho a sorte de tê-lo como aliado porque estamos sempre pensando em fazer coisas juntos. Temos um projeto futuro que pode ser uma coprodução.
Por que você acha que os brasileiros aceitam tão bem as produções do cinema argentino?Creio os roteiros do cinema da Argentina encantam. Me consta que há muitos roteiristas argentinos que são convocados para trabalhar aqui. Creio que tem a ver com o incentivo que tem se dado na Argentina nos últimos 20 anos a uma grande diversidade de artistas para desenvolverem sua linguagem. Isso transcende. Isso precisa continuar sendo fomentado, tanto em Brasil, o desenvolvimento de pessoas que não têm tanta voz.