Carlos André Moreira Gramado
Ao formular seu clássico conceito de sociologia "homem cordial" para explicar o temperamento do brasileiro, Sérgio Buarque de Holanda não estava se referindo ao sentido mais conhecido que a palavra foi adquirindo, o de afabilidade. O que Buarque de Holanda tinha em mente, na verdade, era um homem dominado pelos impulsos e pelos caprichos do coração, e, portanto, alguém capaz de passar com rapidez do amor ao ódio, da afetuosidade à hostilidade. Ao dar o título de O Homem Cordial para seu longa-metragem que estreou na primeira noite do Festival de Gramado, na sexta-feira (16), o diretor Iberê Carvalho propõe uma clara chave de leitura, mas não se limita à simples encenação do postulado de sociólogo, também faz um registro urgente e contemporâneo da atual polarização violenta do debate público e de como essa dualidade é alimentada pela fornalha das redes sociais.
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