Sempre admirei os lançamentos da Marvel reunindo milhares de fãs de quadrinhos, cheios de expectativa, vestindo camisetas estampadas com seus heróis favoritos. No caso de Pantera Negra, novo longa do estúdio que chegou às salas da Capital esta semana, a força revolucionária do filme começa já no saguão de entrada do cinema. Assisti à sessão de pré-estreia na quarta-feira à noite. Foi a primeira vez, em um filme de heróis, que vi tantos negros e negras com suas camisetas.
Pantera Negra chega em um panorama sócio-político em que finalmente há voz nas questões relativas à diversidade, à representatividade e à igualdade de direitos. Consegue ser político, democrático e corajoso, sem meias-palavras sobre como a união é o melhor para o fortalecimento. E isso partindo da importância de ser conhecedor da própria origem e ancestralidade. Wakanda, o palco central da história, é um país que mostra como seria uma África desenvolvida com educação e qualidade de vida para todos e não simplesmente uma região explorada. T'Challa, vivido por Chadwick Boseman, assume o trono após a morte do pai em um atentado ao prédio das Nações Unidas (mostrado no filme Capitão América: Guerra Civil). Mas logo as consequências de decisões tomadas pelo patriarca no passado, na defesa desse lugar detentor de tanto conhecimento e tecnologia, mudam o rumo da vida do filho.
Todos os personagens sabem a importância do autoconhecimento e carregam a dor do não pertencimento. Nesse ponto, prepare-se para entender as motivações do vilão Erik Killmonger, interpretado por Michael B. Jordan, e quem sabe até torcer um pouco por ele.
Cada cena, cada fala carrega a verdade sobre o processo de escravidão do povo negro, levado à força do continente africano, e as consequências desse processo traumático até hoje. A escolha do ator principal, por incorporar um sotaque africano, seguida por todo o elenco, transmite muita verdade. A trilha, que teve entre seus diretores-executivos o rapper Kendrick Lamar, tem as batidas do rap junto com os atabaques da música africana.
O figurino é um dos elementos que conseguem mostrar como seria uma África rica, desenvolvida, com todas as cores tradicionais dos tecidos africanos compondo visuais com cabelos black power coloridos como os meus. Percebem? Me vi na tela do cinema, vi meus iguais e minhas iguais admirados não só por nós em irmandade, mas por todas as pessoas que conseguiram se entregar a esse novo desafio que a Marvel trouxe para o cinema: retratar a diversidade com respeito, dignidade e verdade para quem até hoje sofre com a invisibilidade. E tudo isso sem deixar de lado a aventura, os efeitos especiais e todas as condições técnicas esperadas em suas produções.
As mulheres, em especial, trazem personagens mais complexos e relevantes do que nunca, ao contrário do perfil competitivo e inseguro que muitos filmes mostram. Fortes, elas são participativas nas decisões. E cada uma tem seu personagem valorizado, com objetivos específicos e não somente como par romântico ou escada para os heróis. São guerreiras, cientistas e interessantes de diferentes formas além da beleza.
A atriz Letitia Wright, que dá vida a Shuri, um gênio tecnológico de Wakanda e irmã caçula de T'Challa, é uma personagem que carrega na juventude o interesse atual pela tecnologia, moda, elementos da cultura urbana, e junto o respeito pela ancestralidade. E isso inspira qualquer espectador. É muito significativo o mundo começar 2018 com esse fortalecimento vindo da força negra. O filme ressignifica o personagem que o cinema sempre trouxe como o melhor amigo cômico, o ladrão, o malandro. Pantera Negra apresenta o negro como herói, rei, guerreiro.
Nos quadrinhos, o Pantera Negra foi criado em 1966, poucos meses antes da fundação do Partido dos Panteras Negras, organização pela defesa dos negros nos Estados Unidos. E, em 2018, cá estamos com a mesma luta. Faz pensar, não é mesmo? Me sinto como o personagem Erik Killmonger: "Esperei a minha vida inteira por isso". Esse dia finalmente chegou, e a representatividade é um caminho sem volta. A Marvel já entendeu isso. E você?
PANTERA NEGRA
Aventura, 14 anos. De Ryan Coogler. Após a morte de seu pai, príncipe de Wakanda retorna ao seu país natal para assumir o reino e precisa enfrentar vilão que roubou um metal precioso do povo. Com Chadwick Boseman, Michael B. Jordan e Lupita Nyong’o.
Onde assistir
CÓPIAS IMAX 3D LEGENDADAS
- Cinespaço Wallig 8 (13h20, 16h, 18h40, 21h20)
CÓPIAS 3D DUBLADAS
- Cineflix Total 1 (13h45, 16h30, 19h15, 22h)
- Cinemark Barra 5 (13h50)
- Cinemark Ipiranga 3 (12h, 15h, 18h)
- Cinemark Ipiranga 5 (17h20, 20h20)
- Cinemark Ipiranga 8 (18h40)
- Cinespaço Wallig 4 (18h30, 21h10)
- GNC Iguatemi 5 (13h10)
- GNC Praia de Belas 2 (13h10, 19h)
CÓPIAS 3D LEGENDADAS
- Cineflix Total 2 (13h30)
- Cinemark Barra 4 (12h, 15h, 18h, 21h)
- Cinemark Barra 5 (17h, 20h)
- Cinemark Barra 7 (19h, 22h)
- Cinemark Ipiranga 3 (21h)
- Cinemark Ipiranga 8 (21h40)
- Espaço Itaú 6 (15h30, 18h20, 21h10)
- GNC Iguatemi 5 (16h, 19h, 22h)
- GNC Praia de Belas 2 (16h, 22h)
CÓPIAS DUBLADAS
- Arcoplex Boulevard 2 (14h, 16h30, 19h, 21h30)
- Arcoplex Rua da Praia 2 (14h, 16h30, 19h)
- Cineflix Total 2 (16h15, 19h, 21h45)
- Cinemark Ipiranga 2 (19h20, 22h20)
- Cinespaço Wallig 1 (14h, 17h, 20h)
- Cine Victoria 1 (13h30, 16h15, 19h)
- Cine Victoria 2 (20h)
- Espaço Itaú 4 (13h20)
- GNC Iguatemi 3 (17h30)
- GNC Lindoia 2 (13h10, 16h, 19h, 22h)
- GNC Praia de Belas 2 (13h10, 19h)
- GNC Praia de Belas 5 (17h30)
CÓPIAS LEGENDADAS
- Espaço Itaú 4 (16h, 18h40, 21h20)
- GNC Iguatemi 3 (14h30, 20h30)
- GNC Praia de Belas 5 (14h30, 20h30)