120 Batimentos por Minuto, filme sobre a luta contra a epidemia da aids nos anos 90 que estreia nesta quinta-feira nos cinemas, era a aposta da França para concorrer a uma estatueta ao Oscar de filme estrangeiro neste ano. Vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes do ano passado, entre outras honrarias, o filme conquistou a crítica francesa e foi uma das sensações do evento. Emocionado, o diretor espanhol Pedro Almodóvar, presidente do júri, falou, durante coletiva de imprensa, sobre a produção:
– Eu amei o filme. Eu não podia ter amado mais. Fui tocado desde o começo até absolutamente o fim. E depois disso.
Apesar de toda a badalação em torno do longa, a Academia de Hollywood o deixou de fora da lista dos nove pré-selecionados ao Oscar. A exclusão gerou comoção entre os admiradores do trabalho. Barry Jenkins, diretor de Moonlight: Sob a Luz do Luar, vencedor da estatueta de melhor filme no Oscar 2017, saiu em defesa do longa francês. “É importante pra caramba, especialmente neste momento, ver um filme baseado em fatos reais com jovens literalmente lutando por suas vidas, lutando por todas as nossas vidas com honestidade, contra o fanatismo e a política burocrática intolerável (para não mencionar a ganância corporativa)”, escreveu o cineasta em sua conta no Twitter. “Obviamente eu adorei. E eu me pergunto como ele não é o filme do momento?”
Jenkins referia-se à mobilização, no início dos anos 1990, do grupo Act Up em Paris, que até hoje defende direitos das pessoas que vivem com HIV e é o tema central de 120 Batimentos por Minuto. Dirigido por Robin Campillo, ex-integrante da Act Up, o filme mostra as contradições dos membros da associação em meio à batalha para sobreviver dos jovens que ainda não contavam com os remédios que hoje garantem uma vida praticamente normal aos soropositivos. No centro da trama estão a luta por informações mais esclarecedoras para a sociedade sobre a epidemia e por acesso aos remédios mais eficazes contra a doença que começavam a ser desenvolvidos pela indústria farmacêutica.
Em mais de duas horas, Campillo escancara a agonia dos doentes e mostra todas as complicações da aids – uma sentença de morte naquela época – enfrentadas por quem contraía o vírus: lesões na pele em decorrência do Sarcoma de Kaposi (tipo de câncer), efeitos colaterais de drogas pouco eficientes como o AZT, sangramentos, micoses etc.
O longa acompanha também o envolvimento amoroso entre Nathan (Arnaud Valois), recém-chegado ao grupo, e Sean (Nahuel Pérez Biscayart), militante de personalidade forte que começa a apresentar graves problemas de saúde em decorrência da aids. O relacionamento sorodiscordante, com todas as consequências, é explorado pelo diretor no seu limite.
120 Batimentos por Minuto é, sobretudo, um convite para conhecer, em sua forma mais cruel, a história dos que não tiveram medo de enfrentar uma doença devastadora que matou milhões de pessoas no mundo todo. E que ainda continua trazendo sofrimento, principalmente por conta do preconceito.
Alguns prêmios já recebidos pelo filme:
- Festival de Cannes 2017: Grande Prêmio do Júri; Prêmio da Federação Internacional de Críticos de Cinema (Fipresci), Queer Palm (melhor filme LGBT) e Prêmio Especial François Chalais
- Los Angeles Film Critics Association - Melhor filme estrangeiro
- New York Film Ciritics Circle - Melhor filme estrangeiro
120 BATIMENTOS POR MINUTO
De Robin Campillo
Drama, França, 2017, 140min, 14 anos.
Cotação: 4/5
Em cartaz nos cinemas (CÓPIAS LEGENDADAS) a partir desta quinta-feira (4/1):
GNC Moinhos 1
(16h15, 21h20)
Guion Center 1
(14h20, 20h40)
Guion Center 3
(16h30)