A grande indústria da reciclagem cinematográfica traz de volta a cartaz o universo fantástico de Jumanji, apresentado no livro infantil de 1982 escrito por Chris Van Allsburg e popularizado com o filme homônimo de 1995 estrelado por Robin Williams (1951-2014).
Nos cinemas a partir de quinta (04) no Brasil, Jumanji: Bem-vindo à Selva moderniza a premissa original substituindo o jogo de tabuleiro mágico onde vão parar os protagonistas pelo ambiente dos videogames. Como nomes mais conhecidos do elenco, a produção dirigida por Jake Kasdan, filho do cineasta Lawrence Kasdan, apresenta o fortão Dwayne Johnson e o comediante Jack Black, além do músico Nick Jonas em participação especial.
Na nova aventura, quatro adolescentes encontram um antigo videogame com um jogo chamado Jumanji e acabam sendo transportados para dentro deste incorporando os avatares que escolheram para brincar – no caso, exploradores em ação numa floresta tropical, onde encontram os esperados mistérios e perigos. Em vez de comandarem o jogo, descobrirão, eles é que serão manipulados pela fantástica força virtual.
Os personagens escolhidos seguem os modelos recorrentes do ambiente escolar, com uma sugestiva mudança de perfil: dois nerds tímidos, Spencer e Martha, transformam-se no famoso arqueólogo Smolder Bravestone (Dwayne Johnson) e na mestre em artes marciais Ruby Roundhouse (Karen Gillian), líderes da expedição. O atleta Fridge agora é Moose Finbar (Kevin Hart), assistente de Bravestone. E, mudança curiosa, Bethany, a garota mais popular da escola, assume as formas do cartógrafo e paleontólogo Shelly Oberon (Jack Black). Também se junta à turma a horas tantas um jogador que parece conhecer alguns atalhos que serão providenciais para superar obstáculos: Alex, encarnando o piloto de avião Jefferson McDonough (Nick Jonas).
Johnson, que atua também na função de produtor executivo de Jumanji: Bem-vindo à Selva, explica no material promocional:
– O espírito de Jumanji flui nessa continuação da história. O filme original trazia esse espírito de superação de medos de descobrir quem você é, que é a espinha dessa nova aventura. Todos nós amamos e prestamos reverência a Jumanji. Sempre fui um grande fã de Robin Williams, e sua performance nesse filme significou muito para mim e minha família.
Com recepção morna da crítica nos Estados Unidos – que elogiou como ponto positivo, sobretudo, a atuação de Jack Black –, Jumanji: Bem-vindo à Selva está alcançando um ótimo retorno de bilheteria: com orçamento de US$ 90 milhões, já faturou desde 20 de dezembro US$ 338,2 milhões em todo o mundo.
E mesmo se tratando de uma produção infanto-juvenil, o filme não ficou imune às polêmicas da hora em Hollywood, aqui referentes aos trajes sumários da atriz escocesa Karen Gillan, diferentemente de seus colegas homens vestidos com roupas apropriadas à uma expedição na floresta.
Os produtores do filme alegam que o objetivo foi justamente lançar um olhar crítico sobre o sexismo e as fantasias masculinas recorrentes nesse modelo de narrativa, no cinema e nos games ao estilo Lara Croft, visto que a garota que encarna o sexy avatar é bastante crítica a essa, digamos, objetificação feminina.
Quando as primeiras imagens do filme foram divulgadas, Karen comentou em seu perfil no Twitter: “Sim, eu estou usando roupas tamanho infantil e, sim, existe uma razão para isso. O salário vale a pena, eu garanto!”.
Em entrevistas recentes, a atriz voltou ao assunto:
– Houve tumulto quando meu traje foi revelado. Passei por algo parecido quando trabalhei em Doctor Who (seriado britânico) e pensei que estava acontecendo de novo. Mas eu nunca assumiria um papel que fizesse qualquer coisa de maneira gratuita. Existe uma razão para que minha personagem esteja usando isso, ela não está feliz com essa roupa. Não estava esperando muita controvérsia em torno disso. Se olharmos a imagem fora do contexto, é ridículo. Mas se pudermos desencadear o debate sobre igualdade de gênero no que fazemos, provavelmente é uma coisa boa.
JUMANJI: BEM-VINDO À SELVA
De Jake Kasdan
Aventura, EUA, 2017, 119min, 12 anos.