O que James Wan quer?
– Acho que ele adoraria fazer uma comédia romântica – disse o ator Patrick Wilson. – Ele é profundamente romântico, o que pode ser difícil de acreditar para quem não o conhece.
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Ou para quem viu seus filmes. E morreu de medo. Em 2004, o longa que revelou Wan, Jogos mortais, estreou no Festival de Sundance inaugurando a era da "onda de tortura" e uma franquia que produziu seis sequências. Em 2011, ele e seu parceiro de roteiros de longa data, Leigh Whannell, resolveram mudar, criando o sutilmente assustador Sobrenatural e começando outra franquia, cujo quarto filme será lançado no ano que vem. Wan também, de alguma forma, encontrou tempo para se envolver em uma série alheia: Velozes & furiosos, dirigindo o sétimo filme da série, em 2015, que aparece em sexto lugar na história da bilheteria global.
Recentemente, Invocação do mal 2 chegou aos cinemas, o segundo filme de terror dirigido por Wan e inspirado nos investigadores psíquicos Lorraine e Ed Warren (o casal da vida real associado com o caso de Horror em Amityville). A série vai ter continuação? Os fantasmas vão continuar saindo do armário de James Wan?
– Eu meio que brinco que a criação de franquias se parece muito com dirigir episódios pilotos de séries de TV. Você define um visual e um estilo e passa a bola para frente – explicou Wan pelo Skype, de Los Angeles.
De fato. Wan, de 39 anos, nascido na Malásia e criado na Austrália, dirigiu apenas o original de Jogos mortais; foi apenas produtor dos outros. Ele passou as rédeas da direção de Supernatural a Whannell depois do capítulo 2. Agora que irá dirigir o tão aguardado Aquaman (a única coisa que disse sobre o filme é que era "um trabalho em andamento"), passou o bastão do spin-off de Invocação do mal, Annabelle, e a sequência para outros diretores. E vai ser um dos produtores de Mortal kombat. Segundo Wan, o universo de Invocação do mal é diferente.
– Acho que eu queria ter certeza que ninguém faria besteira. Ou, se alguém fizesse, que fosse eu – disse ele.
Baseado na famosa assombração de Enfield, na Grã-Bretanha, no final dos anos 70, Invocação do mal 2 fala sobre uma mãe solteira (Frances O'Connor), os quatro filhos e a casa modesta onde mora, no norte de Londres, que acaba possuída por demônios. Wilson e Vera Farmiga reprisariam seus papéis como os Warrens em um filme que tem apoio da Warner Bros. e, como tal, impulsiona o objetivo de Wan: devolver aos filmes de terror o status que gozavam nos anos 70 e 80.
– Pergunte a qualquer um e lhe dirão que a maioria dos bons filmes de terror feita nos EUA é independente. Pode aparecer O chamado ou Os outros, mas a maior parte é produzida independentemente. Com Invocação do mal 2, eu realmente queria tentar trazer de volta o tipo de respeito ao cinema de horror de estúdio. Tubarão, O exorcista, Poltergeist, Horror em Amityville, eram todos filmes de grandes estúdios. Filmes reais com orçamentos reais – ressaltou o cineasta, que, só para constar, parece não ter nenhuma vontade de fazer comédia romântica.
Wilson, que fez os dois filmes de Sobrenatural e os dois Invocação do Mal, gosta da diferença que existe entre fazer um filme de US$ 1,5 milhão (Sobrenatural) e um filme de US$ 20 milhões (Invocação):
– A diferença entre ter três ou quatro semanas e ter oito ou 10 é inacreditável. Ter o apoio do estúdio e um orçamento 20 ou 30 vezes maior que os dos filmes de menor orçamento? É bom. Não tem nada a ver com remuneração; James quer todos os brinquedinhos, e digo isso de forma respeitosa. É um prazer vê-lo no comando.
Para todo o terror que Wan cria na tela, ele parece inspirar lealdade através da energia e da alegria.
– Eu trabalharia com James Wan para a eternidade e além dela. Resumindo, é um virtuoso, um mestre artesão, e é muito divertido – disse Vera Farmiga por e-mail. – Ele é gentil, engraçado e carinhoso... e ri das minhas piadas. Fiquei extremamente desapontada quando ele não me escolheu para o papel de Dwayne Johnson em Velozes & furiosos 7 – acrescentou.
A equipe técnica de Wan o segue de projeto em projeto (mesmo em Velozes & furiosos 7), incluindo seu editor de sempre, Kirk M. Morri e, mais importante, o designer de som Joe Dzuban e o compositor Joseph Bishara.
– Sempre digo que se eu tivesse que apontar o que é mais importante em um filme de terror, a paisagem sonora ou visual, eu escolheria o som. Sempre me refiro a filmes como Atividade paranormal, A bruxa de Blair, que não têm muitos recursos visuais mirabolantes porque não tinham dinheiro para isso, mas é o design de som que cria a tensão e a atmosfera – apontou Wan.
O cineasta está entre os asiáticos mais proeminentes e poderosos de Hollywood.
– Pessoalmente, e entre aqueles que conheço, ele é valorizado apenas por seu próprio sucesso. Vai sempre além em termos de diversidade – salientou Chris Tashima, ator nipo-americano (Under the blood-red sun).
Muitos acharam Velozes & furiosos 7 e sua enorme bilheteria um argumento sólido contra atitudes tradicionais de Hollywood sobre diversidade de elenco, mesmo que isso se baseie em um modelo estabelecido pelos seis filmes anteriores. Wan disse que vê a situação por dois lados.
– Quero qualquer um que seja o melhor para meu filme, o que significa que pode ser realmente qualquer um. Se você é bom, quero trabalhar com você – garante. – Mas quando eu era pequeno, não havia quase nenhum ator asiático em Hollywood com quem eu pudesse me identificar além de Bruce Lee. E há quanto tempo foi isso? Não é legal. É um pouco embaraçoso. Então dependia do meu projeto. Em Invocação do Mal 2 tive que ser fiel às pessoas da história, mas agora que tenho mais poder, é algo sobre o qual estou muito consciente.