Motim no Presídio Central em 1974, o corpo de Jango chegando ao Rio Grande do Sul em 1976, cobertura presidencial, futebol, modelos posando em estúdios, campos de soja... O fotógrafo Fernando Bueno já registrou de tudo em 50 anos de carreira, do fotojornalismo à fotografia publicitária. O melhor do seu trabalho está nos livros Babilônia, Miscelânea e Mundaréu, batizados de Triologia dos 50 Anos, que serão lançados nesta sexta-feira (23), das 17h às 21h, na Galeria Bolsa de Arte, em Porto Alegre.
— Aí tem de tudo. Vão encontrar desde o fotojornalismo que fiz em ZH até as imagens publicitárias para grandes clientes, além de fotos a trabalho em outros países. Cada livro tem 200 páginas — detalha Bueno, 68 anos, que reside em Canela, na serra gaúcha.
Bueno é fotógrafo tarimbado. Começou em Zero Hora em 1973, permanecendo por três anos. Atuou como freelancer para jornais do centro do país, como O Estado de S. Paulo e O Globo, além da extinta revista Manchete. Ansioso por trabalhar com autonomia, abriu seu próprio estúdio em 1976, em parceria com os também fotógrafos Nico Esteves e João Luiz Onófrio, em Porto Alegre, onde seguiu fazendo fotojornalismo até se dedicar totalmente à publicidade.
De 1978 aos anos 2000, foi fotógrafo do The Image Bank, maior banco de imagens do mundo ligado à fotografia ilustrativa, que na época tinha escritório em 40 países e até mesmo em Porto Alegre, hoje conhecido como Getty Images. Com seu irmão, o jornalista e escritor Eduardo Bueno, lançou livros como Maracanã 60 Anos e Avenida Presidente Vargas, um Desfile pela História do Brasil, todos pela Buenas Ideias, em que a dupla derrama seu talento em textos e fotos, cada um na sua praia.
Habituado com os estúdios e com o processo de revelar uma imagem, Bueno não gosta da fotografia digital. Desde 2001 tem um trabalho chamado Memórias Vencidas, utilizando filmes que passaram da validade. Parte dessa experiência está na exposição Nulla Photo, com curadoria de André Severo, recém montada na Galeria Bolsa de Arte e cujo lançamento também ocorre nesta sexta-feira, juntamente com os livros.
Ele simplesmente pegou os filmes vencidos e decidiu fotografar. Saiu imagem alguma, a não ser formas abstratas, resultantes do processo químico da revelação. É elas que o público poderá contemplar. São 17 trabalhos que podem ser conferidos de segunda a sexta-feira, das 10h às 18h, e aos sábados, das 10h às 13h30, até 29 de julho.
— A fotografia analógica é algo vivo. Por isso, degenera, tem fungos. Eu quis fotografar em filmes vencidos e que a ação dos fungos fosse uma variável que eu não pudesse controlar. Resumo da ópera: eu era fotógrafo, mas agora virei artista — brinca ele, com o sarcasmo característico dos irmãos Bueno.
Quem deseja adquirir os livros de fotografias pode entrar em contato pelo e-mail fbueno@fernandobueno.com. O valor é de R$ 180 cada ou R$ 550 os três, com envelope.
Exposição "Nulla Photo", de Fernando Bueno, e lançamento dos livros da Triologia dos 50 Anos
- Nesta sexta-feira (23), das 17h às 21h, na Galeria Bolsa de Arte (Rua Visconde do Rio Branco, 365), em Porto Alegre
- Visitação de segunda a sexta-feira, das 10h às 18h, e aos sábados, das 10h às 13h30. Até 29/7. Entrada gratuita