Morreu nesta terça-feira (2) o artista plástico indígena Jaider Esbell, aos 41 anos. A informação foi confirmada à Folha de S.Paulo por André Millan, galerista de Esbell. A causa da morte não foi divulgada. Conforme informado por amigos ao jornal, ele teria cometido suicídio. O corpo será levado para Boa Vista após a autópsia
Esbell é autor da obra Entidades, que recentemente integrou a programação do 28º Porto Alegre em Cena. A instalação levou duas cobras gigantes para o espelho d'água do Parque da Redenção. Representando a fertilidade e a fartura, os répteis, na simbologia do povo indígena Makuxi, trabalham incessantemente para proteger, alertar e manter vivos os povos originários.
Outras obras do artista estão atualmente expostas na mostra Moquém_Surarî: Arte Indígena Contemporânea, integrante da Bienal de São Paulo. A exposição reúne pinturas, esculturas e obras referentes a diversos povos indígenas. Esbell tem reconhecimento internacional, a ponto de o Centre Pompidou adquirir duas obras suas na semana passada, de acordo com a marchande Socorro de Andrade Lima, da Galeria Millan, que representa o artista.
Jaider Esbell nasceu em 1977, na Normandia, em Roraima, na terra indígena Raposa Serra do Sol. Aos 18 anos, mudou-se para Boa Vista, onde avançou na articulação de movimentos sociais. Ele se consolidou nos últimos anos como um dos expoentes da arte indígena contemporânea no Brasil. Defendendo a causa indígena tanto quanto a inserção de artistas indígenas no circuito, Esbell teve uma participação essencial no protagonismo desses artistas no mercado.
Em fevereiro deste ano ele apresentou, em sua exposição individual na Galeria Millan, pinturas em que a figura central era o jenipapo, planta com papel essencial na cosmogonia Makuxi, etnia da qual faz parte.
Segundo sua marchande, a Galeria Millan estava em negociações com o artista para o lançamento de um livro sobre a sua obra, possivelmente com prefácio de Ailton Krenak, mas a edição terá agora de ser negociada com sua família.